Os mais notáveis cemitérios do mundo

Pode parecer um pouco estranho, mas eu acho muito interessante ver como são os cemitérios do mundo. Não é sempre que eles fazem parte do roteiro de viagem, claro, mas já me deparei com alguns bem curiosos – seja por marcarem um período histórico, por exibirem belas peças de arte sobre os mausoléus ou por serem a morada final de certas celebridades.

Mas os cemitérios são mais do que isso: eles representam a forma como aquela sociedade lida com a morte e retratam algumas questões culturais dos vivos também. Olha como cada foto que está aqui mostra um cemitério muito diferente do outro.

Liverpool - lapide Eleanor Rigby St Peter Church (blog Vontade de Viajar)
Cemitério de Liverpool: inspiração para os Beatles

Grandes personalidades

Os cemitérios mais conhecidos dos viajantes brasileiros são o Père-Lachaise, em Paris, e o Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires.

O primeiro é onde estão enterradas personalidades como os escritores Marcel Proust, além de uma penca de artistas, historiadores e filósofos. Fãs de música vão ao Père-Lachaise para prestar seus tributos ao compositor polonês Chopin, à cantora-ícone francês Édith Piaf, e ao vocalista do The Doors, Jim Morrison.

Mas o túmulo mais procurado em Paris deve ser o de Oscar Wilde, onde a brincadeira é deixar um beijinho de batom para homenagear o autor do Retrato de Dorian Gray.

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Oscar Wilde – foto: Maude Adjarian

O Cemitério da Recoleta, por sua vez, é onde repousa a queridinha Evita Perón, no bairro mais aristocrático (e com cara de europeu) da capital argentina.

As famílias da elite portenha do fim do século XIX, como faziam questão de ostentar sua riqueza na construção dos túmulos, transformaram o cemitério num museu ao ar livre. Dizem que, nos fins de semana, era comum os ricos de Buenos Aires fazerem piqueniques no cemitério, para ficar perto de seus antepassados.

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Recoleta, Buenos Aires

Lendas de fantasmas

Eu não faria isso depois de ter ouvido as histórias de fantasmas que circulam por lá. A mais conhecida é a de Rufina Cambaceres, a “dama de branco” que ronda Recoleta à noite.

Morta no dia de seu aniversário de 19 anos, em 1903, a jovem foi enterrada sem demora para que o sofrimento de seus pais não fosse prolongado. Já era tarde demais quando a família descobriu que a menina tinha, na verdade, catalepsia… É de arrepiar!

Os cemitérios de Edimburgo, na Escócia, também guardam muitos casos desses… Na Idade Média era costume velar o corpo por quase uma semana para ter certeza de que a pessoa não acordaria! E, de tantas histórias bizarras, a capital escocesa ganhou o título de cidade mais mal assombrada do mundo :D

As lendas por trás dos pubs de Edimburgo
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Episódios bizarros da História

Um dos cemitérios mais visitados de Edimburgo, o Greyfriars Kirkyard (que já apareceu aqui no blog quando contei a lenda do cachorrinho Bobby) registra também outro episódio estranho da história do Reino Unido…

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Grades no cemitério em Edimburgo

É só dar uma voltinha por lá para encontrar os túmulos cercados grades. Essas grades serviam para combater a epidemia zumbi um golpe que era muito comum no início dos anos 1800: homens que ficaram conhecidos como “resurrection-men” desenterravam e roubavam corpos para vender à Faculdade de Medicina, que precisava de objetos de estudo para as aulas de anatomia. Claro que daí surgiram muitas outras lendas que são contadas em Edimburgo até hoje!

Homenagens a heróis nacionais

O Cemitério de Novodevichy, em Moscou, entrou no meu roteiro por ser onde descansam grandes personalidades russas, inclusive o presidente Boris Yeltsin. Cientistas, bailarinas e artistas estão ao lado de incontáveis heróis nacionais, de generais a astronautas (ou cosmonautas, como eles chamam).

É legal dar uma volta para ver as estátuas e as decorações dos túmulos – tem até esculturas de aviões e tanques de guerra!

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Cemitério dos astronautas em Moscou

Já em Boston, nos Estados Unidos, o Granary Burying Ground é um jardim bonito e elegante que se tornou lugar de homenagem aos “pais fundadores”, que assinaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos. As crianças, quando aprendem essa parte da história na escola, fazem desenhos para deixar perto das lápides dos heróis nacionais ♥

Cemitérios pitorescos

Alguns cemitérios do mundo são bem pitorescos, como o de Aruba, ex-colônia holandesa no Caribe, que eu vi por acaso mas achei interessante porque é todo cheio de casinhas coloridas. Como a rocha que forma a ilha não permite que se cave o solo, o sepulcro é feito acima da terra mesmo. Alguns dos mausoléus são pintados da mesma cor que a casa onde a pessoa morou durante a vida.

Cemiterios do Mundo - casinhas coloridas no cemiterio de Aruba
Cemitério de Aruba – Foto: Jürgen Lison

Um que eu ainda não visitei mas entrou para a minha lista assim que vi no blog Andarilhos do Mundo foi o cemitério da região de Maramures, no interior da Romênia. Lá, eles têm a simpática tradição de estampar em ladrilhos desenhos e versinhos sobre a vida de cada um – formando um visual inusitado e alegre. Olha como o lugar fica lindo!

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Cemitério na Romênia – Foto: Paul Randall Williams

Cemitérios do mundo: outras culturas

Minha mais recente experiência foi nos países budistas do Sudeste Asiático, onde a cremação é mais comum. Em Vientiane, capital do Laos, as famílias podem construir pequenas pagodas nos templos para abrigar as cinzas de seus entes queridos. A sequência de estupas faz um efeito arquitetonicamente muito bonito.

A mesma coisa acontece naquele pátio cheio de imagens douradas de Buda no Wat Pho, um dos templos mais famosos de Bangkok, onde as estátuas servem como cinerário. 

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Templo na capital do Laos

Não precisa ter medo

Em geral, os cemitérios do mundo que se tornam famosos são amplos e muito bem cuidados. Para mim, a parte mais difícil da visita é conhecer as histórias das pessoas que ali jazem e as circunstâncias de suas mortes. Tento não me ater a fotos e placas com mensagens carinhosas para não chorar, mas nunca senti medo ou calafrios.

Uma vez, em 2009, passeei calmamente pelos jardins do Cemitério de Milão e apreciei as esculturas monumentais (como a que remonta a cena da Santa Ceia em tamanho real!) até a hora do fechamento dos portões, já anoitecendo.

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Cemiterio Monumental de Milão

Já na saída, ao embarcar no metrô de volta, reparei na data impressa no bilhete… Ri e me questionei: teria eu sido corajosa o suficiente para passar a tarde em um cemitério se soubesse que aquele dia era uma sexta-feira 13?

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