Capela de ossos de Sedlec: bate e volta de Praga
Vocês sabem que eu gosto de visitar umas atrações meio esquisitas às vezes, né? Já escrevi até sobre os cemitérios do mundo aqui no blog… Pois o que nos levou à pequena cidade de Kutná Hora, na República Tcheca, foi o Ossuário de Sedlec, uma capela de ossos, toda adornada com caveiras e esqueletos.
Eu tinha visto fotos da outra vez que estive em Praga, em 2008, mas não tive tempo de visitar naquela viagem. Ano passado, quando fomos de Munique a Berlim de carro e passamos também pelo território tcheco, fiz questão de colocar Kutná Hora no roteiro para ver essa atração tão bizarra e curiosa.
Ossuário de Sedlec
Chegamos à cidade e fomos direto para a Igreja de Todos os Santos, onde está localizado o Ossuário de Sedlec. Parece uma típica igrejinha de cidade do interior, com um cemitério ao redor e alguns canteiros de flores. É no subsolo que fica a esquisitice.
No século 13, o abade do antigo monastério boêmio que funcionava ali foi enviado a Jerusalém e trouxe de volta um punhado de terra do Calvário, um dos locais mais sagrados da cristandade – onde Jesus teria sido crucificado, sepultado e de onde ressuscitou no Domingo de Páscoa. Ele espalhou a terra do Calvário sobre o cemitério e a história do ato de devoção tornou Sedlec famoso em toda a Europa Central.
Não demorou para que o cemitério passasse a ser procurado por um número cada vez maior de famílias (da Boêmia e de reinos vizinhos também!) querendo que seus entes queridos fossem enterrados ali. Nos séculos seguintes, a Peste Negra e as Guerras Hussitas só fizeram aumentar a “superpopulação” do cemitério, que continuava a expandir.
Decoração da capela de ossos
Quando chegou o século 15, o cemitério perdeu grande parte de seu terreno e os restos mortais de mais de 40 mil pessoas foram levados para a capela.
Uns 400 anos se passaram até que, em 1870, o artista František Rint foi contratado para organizar os ossos, numa espécie de decoração pra lá de macabra. Crânios, fêmures e úmeros se empilham por todos os lados formando colunas, cobrindo paredes, criando guirlandas e pendões pelos arcos da capela.
Como a capela é bem pequena, você mal entra pela porta e já dá de cara com os esqueletos humanos. Só tem uma mesinha onde são vendidos os ingressos e uma escada antes de chegar à câmara central.
No meio, vem descendo um candelabro enorme que, segundo consta, contém pelo menos um de cada osso existente no corpo humano. E se ainda faltava alguma coisa para completar o cenário, o ossuário fica abaixo do nível da rua, o que acentua o frio e a falta de iluminação, deixando o ambiente ainda mais sombrio.
Aparentemente os criadores têm grande orgulho da obra: František Rint fez até sua assinatura com ossinhos e montou também um brasão da família Schwarzenberg, que o contratou para o trabalho, usando pedaços de esqueletos.
Bate-volta para Kutná Hora
Kutná Hora fica a 70 km de Praga e é um dos principais bate-volta da capital, assim como Cesky Krumlov e Karlovy Vary. Como tínhamos alugado um carro, foi bem fácil chegar seguindo as orientações do GPS. Mas também há várias empresas que oferecem passeios guiados bate-e-volta de Praga.
Quem quer ir por conta própria pode pegar um trem da estação central de Praga (Praha Hlavní Nádraží) até a estação central de Kutná Hora (costuma ter trem de hora em hora o dia todo). Dali, você troca para um trem urbano que em 5 minutinhos te leva à estação Kutná-Hora-Sedlec. Na alta temporada, há também uma van que conecta Sedlec ao centro de Kutná Hora por 35 coroas tchecas.
Antes de voltar para a capital, vale a pena dar uma volta no centro de Kutná Hora para conhecer essa cidade que é pequena mas muito bonita, com heranças lindas do período em que as minas de prata fizeram da cidade a mais rica da região.
Não deixe de ver a Igreja de Santa Bárbara – enorme, gótica e com um jardim bonito na frente – e as muitas estátuas barrocas na lateral do Colégio Jesuíta. Dá pra cobrir tudo a pé em menos de 1h ;)
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