9 segredos da Piazza San Marco, em Veneza
A Piazza San Marco é o maior cartão postal de Veneza. É aquele cenário que já parece familiar mesmo antes da viagem, de tantas fotos que você já viu. Mas quanto mais famoso é o lugar, mais divertido é descobrir segredos que quase ninguém nota.
Quando finalmente for a sua vez de tirar fotos nessa praça, se permita olhar para ela como se fosse a primeira vez. Esses 9 fatos curiosos podem ser só o começo :)
1. A Basílica de San Marco tem o piso torto
Entrei na Basílica de San Marco para ver a igreja por dentro e… opa, tropecei! Segui um pouco mais em direção ao altar e… ui, pisei em falso de novo.
O chão da Basílica de San Marco é completamente torto, a ponto de ter “ondas” quando você olha um corredor mais comprido. Como o arquipélago de Veneza tem solo muito úmido, alguns pedaços do piso foram cedendo ao longo dos anos.
Na verdade, isso acontece na cidade inteira e é particularmente esquisito em prédios de 2 ou 3 andares, mas na Basílica dá pra notar claramente.
2. Os cavalos roubados por Napoleão
Do lado de fora da Basílica, sobre o pórtico central, estão os 4 Cavalos de Constantino, que têm quase 2.500 anos de história! Veneza roubou as estátuas de Constantinopla no século 13, depois Napoleão roubou de Veneza na virada do século 19.
A França passou menos de 20 anos com os cavalos e acabou devolvendo para a Itália, deixando réplicas no alto do Arco do Triunfo do Carrossel (aquele mais perto do Louvre).
Mas depois a Piazza San Marco acabou com uma réplica também: as esculturas originais estavam ficando danificadas pelo tempo (afinal, são de 400 a.C.) e desde os anos 80 são conservadas no interior da Basílica.
3. Passar entre as duas colunas dá azar
Na beira do Grand Canal, entre o Palazzo Ducale e a Biblioteca Nacional Marciana (que homenageia São Marcos, não tem nada a ver com o planeta Marte), tem duas grandes colunas de granito também trazidas de Constantinopla.
A primeira tem no alto uma estátua de bronze do Leão Veneziano (que tem asas!) e a segunda tem uma estátua de mármore de São Teodoro, que era o padroeiro da cidade até 828, quando as relíquias de São Marcos foram trazidas de Alexandria e este passou a ser o padroeiro.
Até meados do século 18, era entre uma coluna e outra que aconteciam as execuções públicas, e por isso até hoje os venezianos mais supersticiosos não passam por ali.
4. Onde Galileu estreou seu telescópio
A torre dos sinos da Basílica de São Marcos fica fora da igreja propriamente dita, do outro lado da praça. Esse é o Campanário de São Marcos que, com 98 metros, é um dos pontos mais altos de Veneza.
Além de ter uma vista sensacional de toda a cidade, é também um ótimo ponto de observação do céu – e por isso foi o lugar escolhido por Galileu Galilei para testar seu telescópio, em 1609. Na verdade, as experiências de Galileu aconteceram na torre antes dessa – porque a atual é uma reconstrução daquela que desmoronou em 1902.
Se o dia estiver bonito, vale a pena subir (ainda mais porque tem elevador!). A vista do canal com a Igreja de Santa Maria della Salute no meio é linda demais.
5. Tem duas pilastras vermelhas no Palazzo Ducale
Por 11 séculos a autoridade máxima de Veneza era o Doge, e era desse palácio que os Doges governavam. A fachada gótica toda de mármore é tão linda e cheia de detalhes que quase parece uma renda.
Tem gente que tira 4 ou 5 fotos sem reparar que naquela fila de pilastras há duas que quebram a simetria: são de mármore vermelho de Verona em vez de mármore branco de Carrara.
Elas marcam o lugar de onde eram anunciadas as sentenças de julgamentos, inclusive as tais execuções públicas que aconteciam entre as colunas de São Marco e São Teodoro.
6. A temida Ponte dos Suspiros
Sem ter referência histórica, essa famosa ponte tão bonitinha poderia se passar por um cenário romântico. Mas os tais suspiros não eram de amor.
A ponte foi construída para ligar o Palazzo Ducale à Prigioni Nove, primeiro edifício no mundo construído para ser uma prisão. Quem suspirava eram os criminosos que viam pelas pequenas janelinhas da ponte a luz do dia pela última vez antes de serem encarcerados. A julgar pelas outras curiosidades da praça, os Doges governavam com mão de ferro. Era bom respirar fundo mesmo.
7. Relógio medieval digital
A Torre dell’Orologio, ou simplesmente a Torre do Relógio de Veneza, é uma maravilha tecnológica do século 15. Tinha vários “apps” – mostrava as horas, as fases da lua, o signo dominante no zodíaco etc. Foi construído no alto da praça para ficar protegido da Acqua Alta e poder ser visto lá do canal.
Mas tem uma coisa que o diferencia de outros relógios famosos e históricos, como o de Praga: quase 400 anos depois de sua construção, foi adaptado para se tornar também o primeiro relógio digital do mundo.
Ganhou um mostrador de cada lado da imagem da Virgem Maria, o da esquerda informa as horas em numerais romanos e o da direita dá os minutos em numerais arábicos (de 5 em 5 minutos).
8. O sino do relógio não toca na hora certa
Como o mostrador do relógio pula de 5 em 5, ninguém repara um segredinho super curioso: os dois gigantes mouros que ficam no alto da torre não tocam o sino na hora em ponto!
Eles representam o passado e o futuro, então o gigante da direita – que tem barba, pois é mais velho, bate o sino 2 minutos antes da hora cheia e o gigante da esquerda, mais jovem, bate o sino 2 minutos depois.
A Torre do Relógio é cheia de mensagens filosóficas e cada elemento tem um significado. A imagem de Virgem Maria representa a Igreja, o leão alado representa a República e o sino representa o Tempo. Note a ordem das coisas: a sociedade acima da religião e, acima de todos, o tempo.
9. De manhã, a praça é menos concorrida
A Piazza San Marco está sempre cheia de turistas, mas se você quer tirar uma foto em paz sem ter alguém entrando na frente da sua câmera o tempo todo, a dica é chegar na praça antes da Basílica abrir.
A boa notícia é que você nem precisa madrugar, 9h da manhã já é cedo o suficiente. Leve uma bolsa pequena nesse dia, pois a Basílica não permite a entrada com mochilas. Se precisar, use o guarda-volume no Ateneo San Basso (Piazzetta dei Leoncini).