Turista de universidades: campus que valem a viagem
Outro dia eu estava pensando nas viagens que fiz e reparei em quantas universidades já entrei, sem nenhum motivo particular, só para observar a vida da cidade.
E então comecei a perceber que isso pode ser uma grande jogada para mochileiros e viajantes em geral. Os campi universitários normalmente têm cantinas a bom preço, alguns têm exposições de arte, ciência ou história, e todos são movimentadíssimos e animados.
Universidades têm refeições econômicas
Em Buenos Aires, a caminho do Cemitério da Recoleta, me deparei com a Faculdade de Direito e, quando vi, já estava caminhando pelos corredores e recebendo folhetos para votar na eleição do conselho estudantil :) Comprei um lanche (que acabou sendo o mais barato da viagem) e fiz um pic-nic em uma praça ali perto, à moda da cidade.
Dependendo do campus, é possível fazer não só um lanche, mas fazer refeições completas! O restaurante universitário da Columbia University em Nova York, por exemplo, tem um “retail menu” que atende visitantes além de estudantes.
Eventos e museus das universidades
A Universidade de Glasgow, na Escócia, fica num bairro lindo, próximo ao Kelvingrove Park, e tem uma bela vista dali. Aliás, esse parque vale um passeio: tem fontes, estátuas, jardins e mesinhas para estudar ou fazer um pic-nic.
Aproveite para visitar a Kelvingrove Art Gallery, museu que mistura história natural com belas artes (entrada gratuita). Quem tem interesse em anatomia, biologia e antropologia também pode aproveitar a ida ao campus escocês para ver o Hunterian Museum.
Ainda dei a sorte de visitar a Universidade de Glasgow no dia de inscrição dos calouros. O campus estava cheio, com uma intensa programação de boas-vindas e distribuição de pizzas Domino’s de graça! Hahaha
Ainda teve um rapaz que usou todos os seus argumentos para me convencer a entrar na equipe de espada medieval da universidade! :D
Bares e as melhores festas
Como não podia deixar de ser, os arredores das faculdades costumam ter farta oferta de bares e são bons lugares para socializar.
No Porto, norte de Portugal, é obrigatória ao menos uma noitada no “Piolho” – como é conhecido o Café Âncora d’Ouro, ao lado da Reitoria. Mesmo no inverno, o pessoal se reúne lá para tomar uma cerveja – e, às vezes, a noite termina em alguma discoteca ali do Centro (não pode chamar de boate, que em Portugal significa outra coisa!).
Coimbra, famosa por sua universidade, tem centros acadêmicos espalhados por toda a cidade e diversos eventos baseados no calendário estudantil.
Passei uns dias lá na época da “Latada”, em outubro, quando acaba a praxe (que chamamos de “trote” nas faculdades brasileiras) e os caloiros são batizados na água fria do rio Mondego (em Portugal, “calouro” se escreve com “i”). É claro que a programação da semana da praxe é cheia de festas e shows.
Mas a tradição mais popular nas universidades de Coimbra e do Porto é a Queima das Fitas, que acontece no início de maio, e homenageia os estudantes recém graduados.
Aí, sim, as cidades ficam super cheias de estudantes com seus trajes acadêmicos, além de centenas de turistas que vão atrás da festa!
Aliás, dizem que foram essas capas pretas dos universitários portugueses que inspiraram o uniforme de Hogwarts, nos filmes de Harry Potter… :)
Gênios e figuras históricas
Outro campus que eu adorei visitar foi o da Universidade de Pádua, na Itália. É a segunda mais antiga do país (só fica atrás da Universidade de Bolonha) e, por toda a sua história, além de passear pelos arredores vale a pena fazer o tour guiado pelo antigo Palazzo del Bo.
O palácio impressiona por seus corredores decorados com mais de 3 mil brasões – nos séculos 16 e 17 era tradição que os professores e alunos deixassem um emblema na parede ao encerrar sua passagem pela instituição.
Os maiores destaques da visita são a sala da aula magna, onde Galileu Galilei deu aulas de matemática, e o anfiteatro de anatomia mais antigo do mundo, que mudou a história da medicina.
Universidades que valem a visita
Outros exemplos de universidades que merecem entrar no roteiro são a Humboldt, em Berlim (que mencionei em outro post aqui) – onde estudaram muitos ganhadores do Prêmio Nobel, e a Sorbonne no sempre borbulhante Quartier Latin de Paris.
Também gostei bastante da Trinity College, em Dublin, onde duas das atrações são harpa mais antiga da Irlanda e o Book of Kells, livro que é uma relíquia do período medieval.
Vale muito a pena pesquisar sobre a história de cada lugar. Não raro as universidades foram palco de revoluções e grandes descobertas. Não é preciso estar matriculado para aprender.