Roteiro de viagem na Bulgária: 4 cidades e 1 livro
Quando pensamos em viajar pela Europa, de certeza que a Bulgária não é um dos nossos destinos top 10. Como é possível pensar primeiro em Sófia antes de visitar Amesterdam, Paris, Londres ou qualquer uma das capitais europeias mais conhecidas?
Pois bem… Foi isso que aconteceu comigo em novembro de 2016 e posso dizer: minha viagem para a Bulgária uma enorme e excelente surpresa! O país é super agradável, mesmo que as pessoas não falem inglês; é barato e tem paisagens e monumentos magníficos, nada parecidos com a Europa Ocidental à qual estamos habituados.
O livro que inspirou a viagem à Bulgária
Vou ser sincera: decidi passar férias na Bulgária porque foram os bilhetes de avião mais baratos que encontrei para a semana em que podia viajar! No início não sabia muito bem o que visitar na Bulgária para além de Sófia, mas com o passar do tempo e com a ajuda de um livro, acabei por escolher várias cidades para conhecer.
E, quando digo livro, não quero dizer um guia de viagens tipo Lonely Planet… Mas um livro de viagem autobiográfico de Kapka Kassabova, escritora búlgara que hoje mora na Escócia, que foi uma grande inspiração para o meu roteiro!
Há uns anos comecei a acompanhar a Volta ao Mundo em 198 livros da Camila, do blog Viaggiando, que por sua vez partiu nessa aventura literária depois de conhecer o projeto A Year of Reading the World, da escritora britânica Ann Morgan.
Foi com a sugestão delas que escolhi o livro Street Without a Name de Kapka Kassabova, uma escritora nascida em Sófia durante o período do comunismo (o livro ainda não tem título em português).
Ao contrário do que tinha feito até então, desta vez decidi ler o livro antes de começar a viagem, e posso dizer que foi uma ótima decisão!
A Bulgária ontem e hoje
O livro narra a história de Kapka, que viveu até aos 17 anos na Bulgária antes de se mudar com os pais para o Reino Unido e depois para a Nova Zelândia. Ela nos conta como era viver num país satélite da União Soviética, com todos os seus prós e contras, como era o dia-a-dia com políticas de racionamento, como era (tentar) comprar alguma coisa…
20 anos depois, Kapka decide voltar ao país para revisitar suas memórias … E é aqui que o livro fica interessante! Ela percorre a Bulgária de uma ponta à outra com um amigo, vai passando por várias cidades e contando o que vê e do que se lembra.
Muitas destas cidades fizeram parte do meu roteiro exatamente por “culpa” deste livro! Foi muito divertido ir passeando pelas diferentes cidades que aparecem na história, tentando identificar os lugares descritos!
4 cidades para visitar na Bulgária
Agora que ficaram com água na boca e curiosidade de descobrir este destino fantástico, vou falar de quatro lugares imperdíveis numa viagem por este país balcânico praticamente desconhecido.
1. Sófia, a capital
Capital da Bulgária e maior cidade do país, Sófia tem vestígios de várias civilizações e períodos históricos – romanos, otomanos ou soviéticos.
Aconselho vivamente a fazerem um tour a pé com a 365 Sofia Tour (daqueles tours em que cada um paga o quanto quer), para conhecer os recantos mais importantes da cidade. Depois do free tour, poderão passar pelos locais que mais gostaram ou visitar outros monumentos que não faziam parte da visita.
A 365 Sofia Tour também oferece um roteiro alternativo e um roteiro cultural pela capital búlgara – opções interessantes para quem tem mais tempo e quer conhecer um “lado B” de Sófia.
A não perder: Catedral de Alexandre Nevski, Igreja Russa de São Nicolau, Termas Centrais (Museu da Cidade de Sófia), Igreja de Sveta Paraskeva e Sinagoga de Sófia.
Também merece um passeio o Quadrado da Tolerância, que tem este nome porque em apenas um quarteirão há uma igreja ortodoxa, uma igreja católica, uma sinagoga e uma mesquita, provando que é possível a convivência de todas as crenças em harmonia :)
2. Mosteiro de Rila
O Mosteiro de Rila é o maior mosteiro ortodoxo da Bulgária e de toda a Europa! Faz parte da lista de Patrimônio Mundial da UNESCO e depois de conhecer é fácil entender o porquê desta distinção. As pinturas tipicamente ortodoxas no interior e no exterior da igreja vão surpreender toda a gente pelas cores vivas e grande beleza!
Para ir de Sófia a Rila há três possibilidades: você pode alugar um carro, viajar de ônibus ou fazer um tour organizado. Eu fiz um tour de minibus que nos leva ao Mosteiro de Rila e visita também a igreja de Boyana. Recomendo!
O tour custa 25€ por pessoa na temporada de verão e 35€ na temporada de inverno. Se estiverem com o orçamento restrito, existe um ônibus direto ao dia desde a estação Oeste de Sófia para o Mosteiro que custa 22BGN (cerca de 11€) ida e volta.
De carro, o trajeto de Sofia até Rila leva pouco mais de 1h30. Não se esqueça de comprar a “vignette” que é um comprovante de pedágio, vendida nos correios ou em postos de gasolina.
3. A antiga Plovdiv
A cidade europeia mais antiga ainda habitada. Sim, é verdade! Segundo estudos, Plovdiv é habitada há pelo menos 6 mil anos!
Para quem, como eu, é originária de uma antiga cidade romana (Braga, em Portugal, conhecida no tempo dos romanos como Bracara Augusta), é meio estranho viajar até ao outro lado da Europa e encontrar coisas que poderia encontrar na minha cidade.
Mas Plovdiv chegou a ser a capital da Trácia (de onde procede o famoso Spartacus) e foi conquistada pelos romanos, daí o seu teatro impressionante e o seu hipódromo.
Quem tem menos tempo geralmente opta por um bate-volta de Sófia até Plovdiv, passando apenas meio dia na cidade, no entanto eu recomendo passar 2 dias inteiros para poder vaguear sem rumo pela zona velha da cidade, perder-se no bairro de Kapana e nas suas ruas labirínticas cheias de lojinhas hipsters, ou ver todos os monumentos romanos espalhados pela cidade.
4. Veliko Tarnovo
Apesar de Veliko Tarnovo já ter sido a capital da Bulgária, é uma das cidades menos preparada para o turismo (ocidental) que já conheci. Sim, encontrei placas nos monumentos que os identificavam e falavam sobre a sua história… Em russo, romeno e búlgaro! Às vezes em alemão, mas nunca em inglês ou em qualquer outra língua europeia.
Mesmo assim, Veliko Tarnovo pareceu-me uma cidade muito interessante e sinto que deixei muitas coisas por ver. É como uma oportunidade de conhecer um lado mais tradicional, nada internacionalizado da Bulgária.
A fortaleza de Tsarevets merece uma visita, assim como a zona baixa da cidade, ao pé do rio, onde encontramos as igrejas mais antigas da região. Perto de Veliko Tarnovo há uma aldeia também que vale um pulo: Arbanassi, onde uma igreja ortodoxa do século XVI é o destaque!
Veliko Tarnovo fica a cerca de 2 horas e meia da capital, e também há passeios guiados bate-e-volta de Sófia para lá, incluindo uma parada em Arbanassi.
Dicas para uma viagem à Bulgária
- Prepararem-se com muita paciência e algumas palavras básicas na ponta da língua, pois praticamente ninguém fala inglês.
- A Bulgária é um destino barato de visitar, com o câmbio mais baixo que o euro: 1 € = 2 lev
- Apesar de ainda não terem adotado o Euro como moeda, a Bulgária faz parte da União Europeia e não exige visto de brasileiros em viagens de até 90 dias a turismo.
- Se viajar no verão, pode ser interessante conhecer a costa do Mar Negro e suas cidades de praia como Burgas e Varna.
- O melhor transporte público para viajar entre cidades é sem dúvida o ônibus! Os trens costumam demorar o dobro do tempo. O site BGrazpisanie e a empresa de ônibus Etap têm site em inglês que podem ser úteis para o planejamento.
- Aprenda como se escreve o nome das cidades que for visitar em cirílico, para entender as placas de ônibus, e observe com atenção qual a sua estação de ônibus (autogara, em búlgaro) pois as cidades costumam ter mais de uma.
- A gastronomia tem a carne de porco, a batata e a beringela como base da maioria dos pratos. Os ingredientes são simples, mas os pratos búlgaros são deliciosos! Para quem gosta experimentar, recomendo o free tour Balkan Bites em Sófia!
- Os búlgaros foram os inventores do alfabeto cirílico, que comumente chamamos de “alfabeto russo”. Metódio e Cirilo, dois irmãos búlgaros, tinham a missão de ir para o oriente pregar a religião ortodoxa e decidiram desenvolver um novo alfabeto para que os povos se pudessem entender e fosse mais fácil ensinar-lhes a religião.
À primeira impressão, as pessoas parecem um pouco frias, mas os búlgaros são simpáticos e a viagem é muito interessante. Um destino a descobrir!
Para saber mais sobre a Bulgária, confiram outras dicas no blog Falar de Viagens!