Rouen: palco da história de Joana D’Arc
Figura icônica na história da França, Joana D’Arc teve sua trajetória retratada em diversos livros, filmes e toda sorte de monumentos. Visitar a cidade Rouen, a 1h e meia de Paris, foi uma grande oportunidade para aprender um pouco mais sobre a jovem guerreira.
No turbulento contexto da Guerra dos Cem Anos, em que França e Inglaterra lutavam pela consolidação de suas monarquias e formação de seus territórios, uma menina francesa de apenas 16 anos de idade buscou o Rei Carlos VII para lhe convencer de que deveria liderar um exército de milhares de homens contra os invasores.
Era Joana D’Arc, uma jovem de origem simples que desde os 12 anos dizia ouvir vozes do céu lhe confiando a missão de libertar a França do domínio inglês.
Após pedir escolta ao capitão da guarnição mais próxima a Domrémy, sua cidade natal, Joana passou por diversas provações até que tivesse oportunidade de se dirigir ao Rei. Conta a história que, somente após Joana D’Arc revelar que teria conhecimento dos pedidos e preces feitos a Deus pelo monarca, é que obteve o comando do exército francês.
Vestida como um homem, a inesperada figura de liderança conquistou grande popularidade e se revelou uma exímia general – ainda que jamais tenha matado ninguém de próprio punho.
Sempre guiada pelas vozes de São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida, Joana D’Arc liderou uma campanha surpreendentemente bem sucedida, com muitas vitórias significativas, incluindo a libertação das cidades de Orléans e Reims.
Em 1431, já aos 19 anos, Joana foi capturada durante a batalha de Compiègne e levada pelos ingleses para a cidade de Rouen, na Normandia.
Do local de seu julgamento, um castelo do início do século 13, hoje resta apenas uma torre, que passou a ser chamada Torre de Joana D’Arc e se tornou um dos locais mais visitados de Rouen. A exposição apresentada no edifício nos permite conhecer um pouco da história em cada um de seus andares
Condenada pelas acusações de heresia e feitiçaria, a jovem militar foi queimada em praça pública. Le Bûcher, o local exato da fogueira, pode ser visto na Praça do Mercado de Rouen (Place du Vieux-Marché), próximo a uma igreja contemporânea que também homenageia a heroína.
Projeto do arquiteto Louis Arretche, a beleza da igreja está longe de ser unânime, sendo alvo de muitas críticas por parte daqueles que a visitam, porém é inegável a originalidade que se apresenta no contraste entre o antigo e o novo.
Exemplo disso é o vitral renascentista – conservado da igreja St. Vincent que foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial – integrando-se com o restante da estrutura construída aproximadamente 400 anos depois.
Como sugere o nome da praça, ainda existe ali um mercado de produtos naturais e típicos da região, onde se pode comprar dos mais variados tipos de queijos, todos sempre muito frescos e saborosos.
A história de Joana D’Arc sempre foi muito controversa. Em muitos momentos, os fatos históricos se misturaram com lendas populares. Em outros, a imagem da jovem mártir foi usada para fins políticos nacionalistas.
Cinco séculos após sua morte, Joana D’Arc teve sua condenação revista e veio a ser beatificada pela Igreja Católica, tornando-se a santa padroeira da França. O que percebi nessa viagem é que uma visita aos monumentos de Rouen é apenas uma janela para compreender tudo o que ela significou para o país.
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