O que fazer em Dresden, na Alemanha: a beleza da Saxônia
Eu, Guilherme, Leticia e Pati estávamos fazendo uma viagem de carro pela Alemanha, de Munique até Berlim, e uma das paradas mais aguardadas no roteiro era Dresden, uma cidade famosa por sua arquitetura e sua importância histórica.
Os bombardeios sofridos na Segunda Guerra Mundial e as intervenções do regime comunista provocaram profundas mudanças na cidade, mas Dresden ainda exibe orgulhosa palácios e igrejas de quando era capital do antigo reino da Saxônia, embora muitos tenham tido que ser reconstruídos.
Tínhamos apenas 1 dia para explorar o centro histórico da cidade antes de pegarmos a estrada rumo a Berlim, e acho que aproveitamos super bem.
As atrações da Altstädt (parte antiga da cidade) são bem próximas entre si, então dividi nosso roteiro a partir de 4 pontos principais: a Rathaus, a Frauenkirche, o Dresdener Schloss e o Zwinger. Anota aí as dicas de o que fazer em Dresden:
1. Torre da Rathaus e Kreuzkirche
Ficamos hospedados num albergue super alto nível bem perto da Rathaus (prefeitura, em alemão), então começamos nosso passeio por lá. Esse foi um dos muitos prédios destruídos em 1945, e o que a gente vê hoje é uma versão simplificada da construção original.
Demos de cara com a sede da prefeitura fechada para reforma, então não pudemos subir a torre para ver a famosa escultura dourada de Hércules.
O terraço, a 68 metros de altura, é enfeitado por 16 estátuas que representam virtudes como a sabedoria, a justiça, a fé, a coragem… Isso tudo ficou para a próxima.
Ao menos pudemos ter uma ideia da vista lá de cima, pois subimos a torre da Kreuzkirche, uma igreja que fica a 1 quarteirão dali. Ainda hoje é a maior igreja da Saxônia, imagina o que isso significou no século 12, quando foi construída.
Na lateral, há uma placa em memória aos judeus da cidade que foram vítimas do holocausto, dizendo “Nós suplicamos por perdão e shalom” – e essa não foi a única vez que vimos símbolos judeus em igrejas cristãs na Alemanha.
Passamos pelo Altmarkt, onde havia muitas barraquinhas de comida e até alguns brinquedos de parque, um clima delicioso, e em 10 minutinhos já estávamos na Frauenkirche, a igreja que é um dos maiores cartões postais de Dresden.
2. Frauenkirche
O bombardeio de Dresden, em 1945, foi um episódio muito controverso, além de trágico. A Segunda Guerra Mundial estava no fim e já não havia motivos militares para os Aliados terem bombardeado a cidade de forma tão violenta. Quase 4 mil toneladas de bombas fizeram 25 mil vítimas e destruíram 90% do centro histórico da cidade.
Até hoje isso é usado como argumento para o protesto de jovens nacionalistas e neo-nazistas, que lembram a data do bombardeio todo ano no dia 13 de fevereiro, véspera de Valentine’s Day :(
A Frauenkirche (Igreja de Nossa Senhora), que à época tinha quase 200 anos, foi completamente devastada e passou os 45 da ocupação soviética em ruínas. Só depois da queda do Muro de Berlim foi iniciado um projeto de reconstrução.
Arquitetos, engenheiros e historiadores passaram 4 anos estudando como juntar os pedacinhos (eles usaram os materiais originais que puderam aproveitar das ruínas).
A obra levou mais de uma década e recebeu um “empurrãozinho” importante em 1999, quando um cientista da cidade recebeu o Prêmio Nobel de medicina e doou todo o valor do prêmio para a reconstrução da igreja. Só em 2005 a Frauenkirche abriu as portas novamente, linda como nunca.
O interior da igreja tem vários andares, como se fossem galerias de um teatro, e o domo também pode ser visitado – mais um ponto para ver Dresden do alto.
A praça onde fica a Frauenkirche é a Neumarkt (novo mercado, em alemão). Tem esse nome porque foi criada 300 anos depois do Altmarkt (velho mercado), mas na verdade é bem antiga, data século 16!
A partir da Neumarkt, caminhamos em direção ao museu Albertinum, onde o acervo impressionista é o destaque, e demos um pulinho no Brühlsche Terrasse, que tem uma vista linda sobre o Rio Elba e o prédio da Academia de Belas Artes de Dresden.
3. Dresdener Schloss, o castelo de Dresden
O Dresdener Schloss é o palácio que por quase 400 anos foi a residência real da Saxônia. Existem várias opções de ingresso, dependendo das exposições que você queira ver. Algumas das nossas preferidas foram as Salas de Armas e a Sala do Tesouro.
A Sala de Armas tem todo tipo de armaduras e espadas medievais, inclusive aquelas usadas em cerimônias reais, altamente ornamentadas.
Uma parte da exposição é dedicada ao Império Otomano, a Turkish Chamber. Os saxões tinham um certo fascínio pelos turcos, mesmo tendo enfrentado diversas batalhas contra eles, então colecionavam desde aquelas facas arqueadas até kaftans e sapatos pontudinhos.
Alguns eram tesouros de guerra, outros eram presentes diplomáticos, e assim eles fizeram a maior coleção de objetos otomanos fora da Turquia – é bem impressionante.
Já a Sala do Tesouro, chamada de Green Vault, tem uma das maiores coleções de joias e tesouros da Europa. Uma das “estrelas” da exposição é o Diamante Verde que ficou conhecido como Dresden Green, um diamante de quase 3 cm com uma coloração raríssima.
Ninguém sabe ao certo a origem da pedra, mas dizem que se formou na Índia e ganhou essa cor por exposição a radiação natural. Pertenceu a Augusto III – que, não satisfeito em ter um dos diamantes mais valiosos do mundo, mandou colocá-lo num arranjo feito por outras 411 pedrinhas de diamante.
Do lado de fora, mas ainda no complexo do Palácio, vale a pena procurar o Stallhof, um antigo estábulo onde aconteciam os torneiros de cavaleiros na Idade Média.
Na fachada externa do Stallhof fica “A Procissão dos Príncipes”, um mural de 102 metros que ilustra a história da dinastia Wettins, pintada em azulejos. O mais incrível é que o painel sobreviveu à Segunda Guerra e 90% do que se vê hoje se encontra em estado original da virada de 1900.
4. Jardins do Zwinger e a Theaterplatz
A próxima atração no nosso passeio foi o Dresdener Zwinger (pronuncia-se tzvinguer), palácio onde ficavam as concubinas do rei Augusto, no século 18.
Depois da overdose de cultura e história que tivemos com as exposições do Dresdener Schloss, acabamos não entrando em nenhum dos três museus do Zwinger, e simplesmente aproveitamos para curtir o lindíssimo jardim.
Demos a sorte de ver a apresentação de um grupo de estudantes super talentosas tocando violino ao ar livre. A trilha sonora perfeita! Saindo do pátio do Zwinger, a gente dá direto na Theaterplatz, uma praça que tem uma estátua do rei Johann no meio e é cercada de prédios maravilhosos.
De um lado, a Semperoper, sede da Orquestra de Dresden e palco de óperas e ballets, do outro a Hofkirche, uma das poucas igrejas católicas da região, onde o protestantismo é predominante.
A Hofkirche foi encomendada por Augusto II, que queria fazer uma média porque também era Rei da Polônia, país de forte tradição católica.
Para quem quiser assistir um espetáculo na Semperoper, a dica é comprar o ingresso com antecedência pelo site, porque a casa quase sempre lota.
Nosso dia em Dresden foi bem cheio, e o centro histórico é riquíssimo. Depois ainda passamos o fim de tarde na parte nova da cidade, que tem a noite mais movimentada.
Talvez com um pouco mais de tempo tivéssemos gostado de visitar o Albertinum, o Museu do Transporte (Verkehrs Museum) e pelo menos um dos museus do Zwinger…
Os relógios e telescópios do Salão de Instrumentos da Matemática e da Física nos deram mais água na boca que as exposições de porcelanas e pinturas, mesmo sabendo que encontraríamos a Madonna Sistina de Rafaello por lá. Mas boas viagens são assim mesmo: a gente sempre volta querendo mais ;)