Luang Prabang: o Laos em seu estado máximo
Luang Prabang foi a cidade que nos fez apaixonar pelo Laos. É uma cidade de ritmo tranquilo, modos gentis e recatados, mas nem por isso deixa de ser divertida!
Estávamos com um grupo grande, com gringos de todos os lugares: Austrália, Nova Zelândia, Canadá, África do Sul… Saímos pelas ruas da cidade em dezenas de bicicletas, ainda bem que o trânsito é pouco movimentado!
Pelo caminho, pudemos ver alguma herança da colonização francesa no estilo de construção das casas.
Visitamos o templo Wat Xieng Thong, um dos principais pontos turísticos de Luang Prabang. O nosso guia, Johnny Kao, tinha sido monge por um período e nos contou um pouco mais sobre as tradições budistas.
Os templos no Laos são menos suntuosos que os tailandeses, mas também cheios de detalhes. É legal observar o telhado, feito em três níveis, em referência às três jóias do budismo.
Seguimos um pouco mais ladeando o rio Mekong até um pequeno deque de onde vimos o pôr-do-sol sobre as águas marrons.
Em barraquinhas ali perto, os vendedores ofereciam duas curiosas especialidades locais: o churrasquinho de carne de cachorro (que, segundo meus amigos, não estava muito macia…
E o “snake whisky”, típico uísque feito de arroz envelhecido em jarras com cobras e outros répteis. Reza a lenda que a bebida confere força e fertilidade.
Se o churrasquinho não apeteceu, uma boa opção para matar as saudades do Ocidente é o Joma Bakery Café, com um cardápio que não fica para trás do Starbucks, incluindo cappuccino, muffins e até um bagel no melhor estilo nova-iorquino.
A Ronda das Almas
Ao contrário de Vang Vieng, que de tantos gringos e tantas raves já está descaracterizada, Luang Prabang exibe orgulhosamente os costumes laosianos. As tradições religiosas são muito mais evidentes aqui.
Logo no segundo dia na cidade acordamos antes das 5h para participar da Ronda das Almas, um ritual que simboliza a generosidade e a humildade que caracterizam o budismo.
Ao amanhecer, os monges circulam pelas ruas de Luang Prabang com grandes caçarolas para receber doações de alimentos para o dia. A população se mobiliza, todos ajoelhados sobre esteiras colocadas nas calçadas, em respeitoso silêncio.
A oferenda mais comum é o arroz, feito sem tempero e bem grudadinho (sticky rice). No ritual, o ideal é doar um punhado de cada vez, um pouquinho para cada monge. Johnny, o nosso guia local, nos instruiu sobre a etiqueta da cerimônia e nos orientou a lavar bem as mãos antes de manipular os alimentos.
Ele também se certificou de que comprássemos arroz de uma cozinheira de confiança – estava fresquinho, ainda quente. Não é raro encontrar pessoas tirando proveito da movimentação e vendendo potinhos de comida de baixa qualidade a preços abusivos.
Ficamos numa rua em que a presença de turistas já é comum, de forma a interferir o mínimo possível na rotina local. Os monges que passam por ali já sabem que devem ter cuidado com as doações recebidas e alguma tolerância com eventuais gafes.
Mesmo sabendo que éramos “café-com-leite”, participar deste ritual foi uma experiência muito interessante, que nos fez sentir um pouco mais próximos das tradições e dos valores budistas.
A noite em Luang Prabang
Como em toda boa cidade do Sudeste Asiático, o cair da tarde anuncia a hora de montar as barraquinhas do Night Market. Artesãos e artistas locais vendem pinturas, utensílios domésticos, acessórios de moda e souvenirs de todo tipo.
Aproveite para procurar a entrada da escada que leva ao Monte Phousi, bem no meio de onde é o mercado, para voltar lá no dia seguinte e visitar o templo que compensa a subida com uma bela vista da cidade.
Um lugar que faz o maior sucesso com os viajantes é o Utopia, um dos bares que ficam à margem do rio, com mesas baixas à luz de velas e almofadas no chão.
Um ambiente bem legal, badalado, mas com comida apimentada demais para o meu gosto. Achei melhor para fazer amigos do que para comer… rs! Fica aberto o dia todo e tem até umas quadras de vôlei em que a galera se reúne para bater uma bolinha.
No verão, não estranhe se te oferecerem gelo para colocar na cerveja – lá isso é comum, e a cerveja não é servida geladinha como aqui. Eu preferi me fartar com os shakes de frutas, batidos com gelo e um açúcar líquido feito de arroz.
As frutas dessa região da Ásia são muito boas e os shakes são uma delícia! Tomei vários ao longo da viagem, o de melancia era o meu preferido.
Não é segredo para ninguém que eu não sou muito fã de comida asiática, então não posso dar muitas dicas de restaurantes tradicionais. Para a minha sorte, o Laos é o reino dos sanduíches, e não me faltavam boas opções.
Anote aí o nome do Lao Lao Garden, um dos restaurantes que mais gostamos. Lá o prato tradicional é o Lao Barbecue, com carne e vegetais feitos à mesa na chapa. Pedi um sanduíche de frango maravilhoso, que jamais comi igual, e lá experimentei uma batida de pitaia, fruta típica conhecida como “dragon fruit”.
Os meninos aproveitaram a Beer Lao e a galera toda terminou a noite jogando sinuca. O único porém é que Luang Prabang tem toque de recolher e todos os bares e restaurantes fecham às 23h30.
Depois disso, a única opção para a galera que quer seguir noite adentro é o boliche que fica um pouco distante do centro – todos os motoristas de tuk-tuk sabem onde é, basta negociar o preço e embarcar.
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