Como escolher o albergue certo para a sua viagem
Se você está acostumado a ficar em hotel ou está planejando o primeiro mochilão, escolher o albergue pode parecer difícil… Mas depois de algumas viagens a gente vai pegando o jeito e descobrindo o que é importante levar em consideração na hora de fazer a reserva.
Primeiro passo é deixar de lado aquele conceito antigo de que albergue é sinônimo de viagem barata e sem conforto. Se a primeira parte dessa frase nem sempre é verdade, definitivamente a segunda também não precisa ser!
Eu adoro ficar em albergue porque gosto da praticidade, acho os preços mais transparentes e adoro a convivência com outros viajantes! A gente faz amigos e escuta muitas histórias divertidas sobre os países de onde eles são e os lugares por onde passaram.
Quem acha que os albergues são a “última alternativa” para quem está sem grana para um hotel não sabe o que está perdendo! Mesmo que você queira sim economizar, não significa que você tenha que se sujeitar a uma hospedagem ruim.
Dá uma olhada nessas 8 dicas e vai por mim: o maior risco é depois você não querer mais saber de hotel! Porque ficar em albergue não é só uma questão de economia, é um estilo de viagem ;)
1. Localização
Esse é um ponto suuuuper importante para mim, eu sempre priorizo a localização. O que vale prestar atenção é que a localização não referência absoluta: ficar hospedado perto de uma atração turística pode não ser tão prático quanto ficar perto de uma estação de metrô num bairro mais simples. O importante é pensar na facilidade de circulação pela cidade.
Esse foi o principal motivo de eu ter ficado satisfeita com o albergue onde fiquei em Londres, ficava perto de uma das estações mais bem conectadas que já vi, com linhas de metrô para todos os lugares que eu queria visitar! O Generator Mitte em Berlim também foi mais que perfeito nesse ponto: era central e de frente pra uma entrada de metrô :)
2. Tamanho do quarto
Pra escolher com quantas pessoas dividir o quarto, é importante pensar não só em quanto tempo você passará na cidade, mas na duração total do seu roteiro. Não demora mais de uma semana para a gente se sentir cansado de tanto andar, ver um museu atrás do outro, olhar lojas, comer na rua, acordar cedo para aproveitar o dia, dormir tarde para aproveitar a noite, pegar trem para um lado, ônibus para o outro e fazer e desfazer a mala constantemente.
Nas cidades mais caras, dá para fazer um esforcinho e ficar em dormitórios maiores, mas não acho legal estender essa situação por muito tempo, porque cada viajante no quarto dorme/acorda em um horário diferente e você pode acabar não descansando em paz – isso para não falar em roommates que roncam e coisas assim (uma vez cheguei a pedir para trocar de quarto por causa disso!).
Nas cidades mais baratas, por outro lado, eu aproveito para ficar em quartos privados ou até suítes para ter um pouco de conforto e privacidade.
O Stayokay Vondelpark em Amsterdam foi o albergue em que compartilhei o quarto com mais gente – era um quartão com beliches para 12 pessoas, e a pia ficava bem meio quarto, o que às vezes era engraçado. Mas como a cidade é cara e eu queria ficar em um albergue que não permitisse o uso de drogas nos quartos, topei o quartão mesmo! Foi mais tranquilo do que eu imaginei – tinha um locker pra cada um, as áreas comuns eram sensacionais e lembro do café da manhã ser bom.
3. Boas recomendações
Quando busco um albergue no HostelWorld ou no Booking.com, sempre seleciono a visualização por ordem de avaliação. Os albergues mais bem pontuados ficam no topo da lista, e então eu comparo os preços e as características entre esses. As notas costumam ser divididas por critérios (localização, segurança, limpeza, decoração, funcionários…), então vale prestar atenção em quais itens tem feito o estabelecimento perder pontos.
Os comentários deixados por outros viajantes que já passaram por lá também são muito importantes, pois revelam eventuais inconvenientes (barulho ou café da manhã ruim, por exemplo) e também os pontos fortes (bom atendimento, acesso a transporte etc.).
Albergues que pertencem a redes internacionais costumam ser mais padronizados e podem ser uma boa pedida para quem tem receio de arriscar. A Hostelling International é uma das maiores redes do mundo mas há outras menores e de abrangência local como as Pousadas de Juventude, de Portugal e a St. Christopher’s Inn, que era originalmente do Reino Unido e agora já tem filiais em outros pontos da Europa. Algumas vezes você pode até fazer um cartão para se associar e ter desconto nos albergues da rede.
4. Serviços disponíveis
Eu prefiro albergues com café da manhã incluído – primeiro porque acho que ganho tempo para passear durante o dia e segundo porque não gosto de sair pela cidade com fome até encontrar um lugar legal para comer.
É bem verdade que, muitas vezes, o café da manhã não vai muito além de torradas com manteiga e geléia, leite com cereais e café. Mas tem alguns (especialmente os hostels da Alemanha ♥) que oferecem buffet completo, melhor que café da manhã de hotel!
Uma coisa que pega alguns turistas de surpresa é que nem todos os albergues incluem a roupa de cama no preço da diária. Alguns pedem para cada viajante levar seus próprios lençóis ou saco de dormir; outros cobram uma pequena taxa extra. Mas acho que são a minoria hoje em dia.
Por outro lado, há albergues que oferecem uma série de serviços (alguns gratuitos, outros pagos) – como lavanderia, transporte para o aeroporto ou aluguel de bicicleta, por exemplo. Ter internet à disposição também pode quebrar um galho não só pra usar as redes sociais mas também pra organizar reservas e passagens… É sempre bom saber se o wifi é grátis e se pega nos quartos ou só na recepção.
5. Banheiro limpinho
Muita gente deixa de ficar em albergue porque tem horror de banheiro compartilhado. Mas é só escolher com calma que isso não precisa ser um problema. Vale dar uma olhada no site do Booking para ver as fotos e avaliar se a infraestrutura parece legal. Nesse caso também vale a dica de ler os comentários de quem já se hospedou lá.
Observe que muitos albergues têm quartos com suíte, como o Hostelling International de Bruxelas, o Euro Hostel em Munique ou o Generator Berlin Mitte (que é ótimo, a gente fez review aqui no blog).
Outros, como o Hello BCN em Barcelona e o HI Lisboa Youth Hostel têm um verdadeiro vestiário, todo planejado para evitar os incômodos mais comuns de banheiros compartilhados (tem muitas pias, cabines espaçosas, escoamento perfeito da água, secador de cabelo e sabonete líquido à disposição).
6. Armários com cadeado
Certifique-se de que o quarto tenha um locker e viaje sempre com 2 cadeados (um pequeno para a mala e outro grande para o locker). Normalmente, os viajantes acostumados com albergues respeitam as coisas dos companheiros de quarto, mas é sempre bom tomar aqueles cuidados básicos, manter suas coisas organizadas e guardar os objetos de valor (especialmente o passaporte).
7. Atividades e áreas de convivência
É bem comum haver um bar no próprio albergue, o que é bom para fazer uma refeição rápida e para conhecer outros viajantes. Salas de TV e sinuca também não são difíceis de encontrar e são ideais para quem quer fazer social.
Acho que o Auberge de Jeunesse da HI em Montreal, no Canadá, é o melhor exemplo desse tipo de hostel. Tem uma das melhores infraestrutras que já vi, com direito a sinuca, computadores, sala de TV, uma cozinha ótima… E também me impressionou com uma super agenda de atividades: tinha passeio de snowshoe, roteiro noturno pelos bares da cidade (chamado pub crawl ou bar tour) e até aprendi a jogar curling (aquele esporte que os canadenses adoram e o resto do mundo fica com cara de “como assim?” :P ).
Outro espaço que vale ouro num albergue é a cozinha! Ótimo lugar pra fazer amigos e para ajudar a economizar durante a viagem – basta perguntar na recepção onde tem um supermercado por perto :)
Em alguns lugares, como o hostel em que a gente ficou em São Petersburgo (que ganhou o título de melhor do mundo em 2014!) e o hostel em que a gente ficou em Lisboa (super central, também recomendo!) rola uma pequena tradição de jantar a galera toda junta, super divertido, além de ser praticamente garantido arrumar dicas – e companhias – para a noitada!
8. Atenção na hora da reserva
Alguns albergues possuem mais de uma filial, como o Milhouse em Buenos Aires, que tem um prédio na rua HipólitoYrigoyen e outro na Avenida de Mayo. Cuidado para não se confundir na hora da reserva ou da chegada na cidade.
Há casos de hotéis com dois prédios em que apenas um tem serviço de recepção e café da manhã, e então os hóspedes do outro prédio têm que andar pra lá e pra cá pela rua e eu acho isso muito inconveniente. É bom ver os sites e ler os comentários para evitar esse tipo de situação.
Por último, lembre-se de que fazer uma reserva para 4 pessoas não significa necessariamente que as 4 ficarão no mesmo quarto. A reserva garante a acomodação, mas cada cama pode ser em um dormitório diferente, conforme disponibilidade. Se você está viajando com um grupo de amigos, deixe uma observação na reserva solicitando que vocês sejam alocados juntos.
Todos os albergues em que eu já fiquei fizeram parte das histórias de viagem e, muitas vezes, renderam boas amizades e momentos legais. A infra nem sempre é 5 estrelas, mas é uma atmosfera que hotel nenhum consegue ter.
Você tem outras dicas de albergues legais pra compartilhar? Comenta aí! :)