Museu Nacional de Arte da Catalunha, em Barcelona
Entrei sem grandes expectativas no MNAC, Museu Nacional de Arte da Catalunha, em Barcelona. Para ser sincera, a ideia era aproveitar a ida a Montjuïc e dar um pulo lá simplesmente porque o ingresso estava incluído no passe Articket.
Mas saí do museu convencida de que tinha acabado de ver a melhor exposição da minha vida! Não necessariamente pelo acervo, mas pela narrativa da exposição.
As informações presentes em cada sala contextualizam os movimentos artísticos e nos ajudam a entender o que aquelas obras de arte significaram em cada época. Isso faz toda a diferença na forma como a gente vê as peças!
Arte moderna no MNAC
O MNAC tem muitas sessões diferentes e seriam necessárias várias horas para apreciar tudo – as principais coleções são a de arte românica e a de arte moderna, mas também tem arte gótica, renascentista e barroca.
Como eu sou fã de arte moderna, priorizei essa parte do museu. Fiquei maravilhada com o quanto eu aprendi nessa visita ♥
A narrativa da história da arte moderna dá sentido a obras que tantas vezes são vistas com estranheza pelo público. Acho interessante como o espírito da vanguarda modernista continua desafiando nosso olhar, mais de um século depois!
Os artistas da virada do século
A história da arte moderna é, de certa forma, a história da ascensão da cultura urbana e de massa nas capitais europeias.
E por isso a exposição começa falando sobre a a vida burguesa no fim do século 19, a atmosfera cosmopolita e o estilo de vida boêmio dos artistas modernos.
Nessa época, em vez de pintar episódios históricos do passado ou da religião, os artistas passaram a pintar cenas cotidianas e projetar seu próprio estilo de vida – retratando, inclusive, a si mesmos.
Em nenhum outro período artístico houve tantos auto-retratos quanto na arte moderna.
Industrialização, publicidade e arte
Os curadores do MNAC não se prenderam às categorizações tradicionais dos estilos nem separaram as obras por técnica ou por mídia. Pinturas, desenhos, fotografias e cartazes publicitários compartilham espaço, contando partes da mesma história.
Essa ideia reflete mais um aspecto importante da virada do século 20: o consumismo que já se estabelecia na indústria da moda e do entretenimento também afetou a forma como as pessoas consumiam a arte.
E então a arte começou a incorporar aspectos da industrialização e ao mesmo tempo começou a ser absorvida pela publicidade. Colagens, posters e peças de produção comercial derrubavam as fronteiras da produção artística tradicional.
O modernismo em Barcelona
Em Barcelona, o modernismo passou a abraçar todos os aspectos da cultura, da vida social e política. O espírito de ruptura e liberdade se tornou decisivo na produção simbólica catalã na virada do século, e o MNAC mostra isso de um jeito muito interessante.
Há obras de artistas de toda a Europa, mas ganham um significado especial no museu os espanhóis como Picasso, Velázquez, Miró… e ainda mais os catalães como Salvador Dalí e Antoni Tàpies.
Como não poderia deixar de ser, Antoni Gaudí também está presente, com móveis e objetos decorativos criados para complementar a arquitetura dos palacetes que ele criou, e que transformaram a cidade de Barcelona.
O edifício do Palau Nacional
O Museu Nacional de Arte da Catalunha fica em um verdadeiro palácio, no alto da colina de Montjuïc. O visual do Palau Nacional impressiona já de longe, quando a gente vê as fontes e o palácio ao final da Avenida de la Reina Maria Cristina.
Embora tenha sido construído já na década de 1920, o Palau Nacional foi inspirado no Renascimento Espanhol do século 16, com salões cheios de colunas e cúpulas decoradas com afrescos.
É um estilo bem diferente dos palácios modernistas que estavam sendo construídos em Barcelona na mesma época.
Além de visitar as exposições, vale circular pelo palácio para ver os salões (não deixe de reparar nas cúpulas!). O edifício é magnífico!
Font Màgica e a vista de Montjuïc
Como fica no alto de Montjuïc, o Palau Nacional tem uma vista panorâmica muito bonita. A paisagem faz a gente querer passar um tempo no pátio, aproveitando os respingos da cascata d’água sob o sol quente de Barcelona.
A cascata ficou conhecida como a Font Màgica, devido ao espetáculo de luzes que acontece à noite. As cores e o ritmo da água acompanham a música numa coreografia. Os horários variam ao longo do ano, de 20h às 22h30 (você pode consultar no site da prefeitura de Barcelona).
Como chegar no MNAC
A gente foi até o museu de metrô. Descemos na estação da Plaça de Espanya (linhas 1 e 3) e seguimos pela avenida até chegar na Font Màgica. Tem umas escadas rolantes para ajudar a subir até a entrada do palácio (acho muito engraçadas essas escadas rolantes ao ar livre que tem em Barcelona) :)
A outra opção é chegar pela parte de trás do museu, descendo do metrô na estação Paral·lel (linhas 2 ou 3) para pegar o funicular de Montjuïc e seguir pelo parque.
Ingresso para o MNAC
O Museu Nacional de Arte da Catalunha não abre às segundas. O funcionamento é de terça a sábado, das 10h às 18h (até às 20h de maio a setembro), domingos e feriados até 15h.
O ingresso pode ser adquirido online ou direto na bilheteria. Custa € 12 e dá direito a voltar para mais uma visita no período de 1 mês. Ou seja: quem quiser apreciar tudo com calma pode ver a arte românica em um dia, e a arte moderna em outro. As exposições temporárias têm ingresso à parte, geralmente € 6.
Para economizar dinheiro e evitar filas, considere comprar o Barcelona Card, que inclui entrada para diversas atrações da cidade, ou o passe Articket, que vale para 6 grandes museus de Barcelona.
Mas para quem tem flexibilidade no roteiro, vale a dica: o MNAC tem entrada grátis aos sábados à tarde (das 15h às 17h) e no primeiro domingo de cada mês (das 10h às 15h).