Bunker 42 em Moscou: por dentro de um abrigo da Guerra Fria
Imagina andar pelos corredores de um abrigo antiaéreo russo do período da Guerra Fria, que por 30 anos foi totalmente secreto. Entrar no Bunker 42 dá um certo calafrio – a gente não sabe o que esperar de um tour como esse!
Se não fosse pelo portão verde que existe hoje, com uma estrela soviética vermelha no alto, não daria para saber que existe toda aquela infraesturura militar ali.
O Bunker 42 fica embaixo de um prédio amarelo claro, idêntico a tantos outros em Moscou. Na década de 60, os russos simulavam a movimentação de um prédio residencial comum, para não levantar suspeitas sobre as operações de guerra.
Como funcionava o abrigo antiaéreo
A visita ao Museu da Guerra Fria começa descendo uns 20 andares de escada – porque, claro, um abrigo antiaéreo construído para resistir a um ataque nuclear fica abaixo do nível do metrô, a 65 metros da superfície. Durante a visita, a gente consegue ouvir o barulho dos trens passando sobre as nossas cabeças.
Dos bunkers construídos pelos russos, o modelo 4 era o mais eficaz – tinha os corredores protegidos por 1 metro de concreto para cada lado, cobertos de chapa de aço.
O primeiro deste tipo, chamado 4.1, foi construído embaixo do Kremlin. O segundo é este, que ganhou o nome de Bunker 4.2 e é o único bunker aberto a visitação em toda a Rússia.
Ali funcionava um centro de controle de voos de longa distância, além de um abrigo com capacidade para manter 600 pessoas por até 3 meses.
Os suprimentos entravam por uma passagem secreta da estação de metrô Taganskaya, por onde também era feito o acesso dos oficiais militares.
O complexo do bunker tinha 4 blocos, em túneis diferentes, numa área total de 7 mil m2. O trecho que hoje tem o Museu da Guerra Fria era onde funcionava a operação do centro de controle. Nos outros três blocos, ficavam os telegrafistas, os reservatórios de água e energia, e a acomodação com dormitório, vestiário e cozinha.
Todos os ambientes foram remontados no museu, para mostrar como as coisas funcionavam na época de Stalin.
Tem também um pequeno vídeo documentário (em inglês, francês ou espanhol) que conta a história da Guerra Fria – do ponto de vista da Rússia, o que é engraçado para nós, brasileiros, que nos acostumamos com a história contada pelos EUA.
Mísseis e simulação de ataque
Estar dentro do Bunker 42 é como estar dentro da história. Você vê de perto a sala de controle de voos, as armas do exército russo e até detalhes mais sutis sobre a vida naquela época.
Em um dos corredores, a gente encontra uma máquina de refrigerante super típica do período soviético. Em vez de copos descartáveis ou latinhas, a soda era servida num copo de acrílico, que você deixava na máquina para a próxima pessoa passar uma água e usar também… rs
É uma experiência eletrizante estar de frente para o botão que poderia ter começado uma guerra nuclear, ver como eram as primeiras bombas atômicas e encenar o lançamento de um míssil.
Mas nada supera ser pego de surpresa nos corredores do abrigo com uma simulação de bombardeio! Adrenalina e lição de história ao mesmo tempo!
Os tours mais extremos dão acesso também a um túnel que não foi cenografado para o museu e que, por ser mais realista, serve de locação para filmes sobre a Guerra Fria. Para grupos fechados, é possível seguir pelo túnel de acesso do metrô, onde a passagem vai ficando cada vez mais estreita e as simulações de ataques terroristas são ainda mais apavorantes!
Como chegar no Bunker 42
O Bunker 42 em Moscou fica na borda da linha circular do metrô, a uns 10 minutos da estação Taganskaya. Como fica um pouquinho afastado da área turística, uma dica para chegar lá a partir da estação é usar o app Maps.me, que funciona bem offline e tem uma precisão muito melhor que Google Maps para trajetos a pé.
Tours e visitas guiadas
Mesmo já estando desativado há décadas, o acesso ao Bunker 42 é controlado e as visitas precisam ser agendadas com antecedência. No site oficial, existem 12 tipos de tour diferentes, mas apenas 2 tours regulares em inglês: Declassified (que inclui exibição de um pequeno filme sobre a Guerra Fria) e o Bunker-42 Tour (que não tem o filme, mas passa pelo gabinete de Stalin).
O processo de agendamento por email pode exigir um pouco de paciência, porque os horários de funcionamento não são fixos (algumas áreas foram convertidas em salões para eventos, então eles fecham ocasionalmente para grupos privados). Entre em contato com antecedência.
Se preferir reservar um tour guiado, há companhias locais como a Kremilin Tour e o Sputnik8, ou plataformas internacionais como a Get Your Guide – tanto este tour quanto este aqui incluem a simulação ;)
A entrada para o Bunker 42 também está incluída no Moscow City Pass, com bom custo-benefício para quem quer fazer o Declassified Tour (também tem que entrar em contato com o local para reservar).