Dicas de Copenhague em 2 dias ou mais: passeios que valem a pena
Copenhague, na Dinamarca, é uma das cidades mais bonitas e mais vibrantes que eu já conheci. É verdade que minha opinião possa ser um pouco enviesada já que morei 10 meses na cidade e vivenciar o cotidiano da sociedade dinamarquesa foi uma experiência engrandecedora.
Se no primeiro dia a gente quer logo fazer um roteiro pelo centro histórico de Copenhague, para ver o que tem de mais imprescindível, depois a gente quer fazer programinhas diferentes para a viagem ficar ainda mais interessante!
Então aqui falo sobre outras atrações e o que fazer em Copenhague se você tiver mais tempo. No fim do post tem um mapa com a localização de todos os pontos que indico ao longo do texto ;)
Nyhavn é apenas o começo do roteiro
Se você tem mais de um dia em Copenhague e a sua viagem é na primavera ou no verão, o primeiro conselho que eu te dou é fazer o passeio de barco pelos canais. O mais simples é pegar o barco que sai de Nyhavn.
Outra dica é não se prender ao roteiro básico e deixar-se perder pelas belas ruas do Centro Histórico. Algumas delas são: LæderStrædet, Magstræde, Gammel Strand, Larsbjørnsstræde, mas há muitas outras bastante charmosas. Bem fáceis esses nomes aí, né!!
Com mais tempo também você pode ir ver a famosa estátua da Pequena Sereia e escolher alguns museus ou palácios para entrar. Copenhague tem vários bons museus e os palácios e castelos também valem muito à pena.
Para além do centro histórico, há outros bairros e parques na cidade que são muito interessantes, e ainda as ótimas opções de passeios bate-volta de trem a partir de Copenhague. Você também pode fazer tudo mais devagar e aproveitar a comida e a boa cerveja dinamarquesa com bastante calma.
Vou falar brevemente de cada um desses assuntos, assim fica mais fácil para você decidir o que fazer.
Museus em Copenhague
Dos museus, o mais emblemático é o Ny Carlsberg Glyptotek, que fica atrás do Tivoli. A palavra gliptoteca significa coleção de esculturas, e essa é a principal atração deste museu. Todo o acervo do museu pertencia a Carl Jacobsen (filho do fundador da cervejaria Carlsberg) e sua esposa Otilia Marie Jacobsen antes de ser doado à cidade de Copenhague.
Também muito bonito é a SMK (States Museum for Kunst) – Galeria Nacional da Dinamarca. Este é um museu de arte bem grande, são dois edifícios. Fica próximo ao Castelo Rosenborg e ao Jardim Botânico.
Logo atrás da SMK, fica outro museu que eu adoro e é pouco visitado, The Hirschsprung Collection. Este é um museu de arte dinamarquesa dos séculos XIX e XX.
O Museu Thorvaldsen expõe as esculturas deste famoso dinamarquês do século 18. É ele o autor das estátuas dos apóstolos e de Cristo na Catedral de Copenhague. O museu é muito colorido e não é muito grande. Fica ao lado do Palácio Christiansborg.
Para completar o roteiro dos grandes museus da cidade, tem o Museu Nacional da Dinamarca, que é de história. Esse eu não cheguei a visitar, mas sei que ele é enorme e tem exposições com itens desde a Idade da Pedra até os dias atuais.
Palácios de Copenhague e Castelo Rosenborg
O mais interessante, na minha opinião, é o Palácio Christiansborg. Se você só tiver tempo para visitar um único palácio em Copenhague, eu sugiro esse.
O passeio é longo pois você visita diferentes partes do palácio, é possível inclusive subir na torre gratuitamente. Tudo é bonito e até que moderno comparado com outros palácios na Europa – mas a história deste lugar também é muito interessante! No blog Farrabadares tenho um post mais detalhado sobre a visita ao Christiansborg.
Mais uma dica: Todo o complexo do palácio ocupa uma pequena ilha no centro da cidade, Slotsholmen, Nesta mesma ilha fica o Museu Thorvaldsen e a Biblioteca Real. A biblioteca é composta por dois edifícios, um antigo e um mais moderno.
O prédio mais novo é lindo, um excelente exemplo da moderna arquitetura dinamarquesa, conhecido como Black Diamond. Não deixe de entrar, vale a pena! Além disso, ele se localiza na beira do canal de frente para a ilha de Christiania.
O Castelo Rosenborg nunca chegou a ser moradia da família real. No entanto, ele abriga as joias da coroa e um grande acervo de artefatos da riqueza dinamarquesa. A visita não é longa e o salão do último piso é lindo. A cereja do bolo aqui é o exterior do castelo e o jardim real (cujo ingresso é gratuito), lugares extremamente fotogênicos.
A residência real mesmo é no Palácio Amalienborg, que eu não visitei. Para conhecer um pedacinho do palácio, você pode visitar o museu conta a história dos reis dinamarqueses.
Bairros de Copenhague e suas atrações
A nordeste do Castelo Rosenborg e a norte do centro histórico fica a fortaleza de cinco pontas chamada Kastellet. O Kastellet é uma fortificação extremamente conservada, banhada de água por todos os lados, e seu entorno é um belo parque.
Um pouco mais à frente, a gente encontra a famosa estátua da Pequena Sereia, presente dado em 1913 por Carl Jacobsen à cidade de Copenhague. A estátua é uma homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, que criou não apenas a história da Pequena Sereia como também do Patinho Feio e outros contos de fadas. Para chegar à estátua, saia do Kastellet pelo portão norte.
O bairro mais multicultural de Copenhague é Norrebro. A cidade tem cinco lagos retangulares artificias, eles estão localizados a oeste do Mercado Torvehallerne. Cruze os lagos pela ponte Dronning Louises Bro, a mais bonita delas, e você estará em Norrebro – mas não se engane, o bairro é até que grande.
Logo que você cruza a ponte, à sua direita fica a Rua Ravnsborggade repleta de lojas, bares e restaurantes. Nesta rua também fica uma cervejaria e restaurante muito boa, a Norrebro Bryghus!
Norrebro também é casa do Cemitério Assistens. Em Copenhague os cemitérios são como parques: arborizados, tranquilos e as pessoas os utilizam para a prática de corrida ou mesmo para um passeio.
Esse é o cemitério mais famoso da cidade, figuras ilustres estão enterradas ali, a maior delas o escritor Hans Christian Andersen (eu disse que ele é uma instituição dinamarquesa!). No outono o cemitério fica particularmente bonito por causa das cores das folhas.
Outra parada interessante em Norrebro é a cervejaria Brus. Mais um lugar para experimentar ótimas cervejas e ótima comida! O cardápio tem influência do estilo New Nordic Cuisine (conto mais sobre isso no final do post).
Outro bairro emblemático de Copenhague é Christiania. Estando em Nyhavn, basta cruzar a ponte de pedestres no final do porto e você estará em Christiania. O bairro é formado por inúmeras ilhotas.
Numa dessas ilhas, à esquerda da ponte, fica a belíssima Opera House. Enquanto moramos lá, tivemos a oportunidade de assistir algumas óperas e eu recomendo que você fique de olho no calendário de espetáculos. Se ópera não for a sua praia e você tiver interesse em conhecer o edifício, há tours guiados para conhecer o local. Tudo disponível online e em inglês no site oficial.
Entretanto, a maioria das pessoas que visitam esse bairro estão à procura da Cidade Livre de Cristiania (Freetown Christiania), uma comunidade hippie que ocupou, em 1971, uma área militar abandonada e se declarou independente da Dinamarca. O lugar é famoso, entre outras coisas, pelo livre comércio de maconha. Turistas são bem-vindos, mas fotografia não.
Duas outras importantes atrações em Christiania são a Igreja do Nosso Salvador (Vor Frelsers Kirke) cuja atração é subir os 400 degraus de sua torre (os últimos 150 são ao ar livre em forma de espiral!); e o premiadíssimo e caríssimo restaurante Noma, eleito diversas vezes o melhor do mundo pelo guia Michellin, do chefe René Redzepi (faça reserva com muita antecedência). Aliás, o Noma fica numa extremidade de Freetown Christiania.
Bares, restaurantes e a cervejaria Carlsberg
Outro bairro que merece atenção é Vesterbro, cujos bares e restaurantes frequentávamos bastante. Um dos meus preferidos, e também um dos mais tradicionais, é o Mikkeler Bar. Para chegar ao Mikkeler partir do Tivoli, siga pela Rua Vesterbrogade, passe em frente à Estação Central de Trens, vire à esquerda na Rua Viktoriagade e o bar estará à sua direita no número 8C. São 20 tipos de cervejas e algumas delas vão desafiar seu paladar!
A região do Kødbyen (antigo distrito da indústria de carnes – kød) é repleta de restaurantes, cafés, bares e baladas, bem movimentado à noite. É ali que fica o WarPigs, outro lugar que gostávamos bastante. O WarPigs é uma cervejaria e restaurante de carne. O lugar é simples e grande, não tem garçom. O som é sempre rock n’roll e à noite fica lotado.
Um passeio bem interessante para quem gosta do assunto é a visita à fábrica da cervejaria Carlsberg. Depois de conhecer um pouco da história desta família, percebi o quanto eles foram e são importantes para Copenhague. Eu diria que eles são demais, simples assim. Me surpreendi com o que aprendi sobre eles e inclusive escrevi um post lá no blog Farrabadares.
A região em que nós morávamos não é exatamente um bairro, mas um outro munícipio. Frederiksberg fica, literalmente, cercada por Copenhague. Da nossa ex-casa até o Tivoli são 2km caminhando. Em Frederiksberg fica o Zoológico, a faculdade CBS (Copenhagen Business School) e o belo parque Frederiksberg Have.
Um lugar muito gostoso para comer e beber, especialmente vinho, é o Karmaman (endereço: Frederiksberg Allé, 31). Eles servem tábua de frios e um prato do dia, pelo menos esse era o esquema quando frequentávamos o lugar. Os vinhos podem ser servidos em taças ou em garrafa. Nós adorávamos esse restaurante!
Ideias de bate-volta a partir de Copenhague
Há quatro destinos bate-volta a partir de Copenhague que são facilmente alcançados de trem: Hillerød, Helsingør, Roskilde e Humlebæk.
Na cidade de Hillerød fica o Castelo Frederiksborg, um dos mais notáveis castelos e palácios da Dinamarca. Frederiksborg foi construído no início do século 17 e hoje abriga o Museu de História Natural, patrocinado pela Fundação Carlsberg (sempre eles!). O jardim do castelo é magnífico! O tempo de viagem entre a Estação Central de Copenhague e Hillerød dá uns 45 minutos.
Em Helsingør fica o Castelo Kronborg, também conhecido como o Castelo do Hamlet. A história escrita por Shakespeare acontece neste castelo dinamarquês. Se você visitar Kronborg no verão, poderá ver trechos da peça sendo encenados por todo o castelo. O tempo de viagem entre a Estação Central de Copenhague e Helsingør é de 45 minutos.
O terceiro bate-volta interessante é para a cidade de Roskilde. A principal atração é o Museu dos Barcos Vikings, além da Catedral de Roskilde onde estão enterrados os falecidos reis dinamarqueses. O tempo de viagem entre a Estação Central de Copenhague e Roskilde dá pouco mais de 20 minutos. Há quem percorra essa distância de bicicleta.
O último bate-volta e o menos concorrido deles é para o Museu de Arte Moderna Louisiana, que fica um pouco antes de Helsingør. Infelizmente não visitei esse museu e, como se eu precisasse de qualquer razão para voltar para Copenhague, essa é uma. O tempo de viagem entre a Estação Central de Copenhague e Louisiana é de 33 minutos.
Dicas de viagem para Copenhague
A cidade é pequena e plana, fácil de ser percorrida a pé ou de bicicleta. Se esta não for a sua escolha, o transporte público, metrô e ônibus, funcionam muito bem. Eu dou mais detalhes sobre como se locomover em Copenhague neste link aqui — e, no mapa abaixo, indico as atrações que indiquei :)
Para ir do aeroporto ao centro da cidade, o metrô é o melhor meio, táxis são muito caros. Apenas uma linha, M2, sai e chega ao aeroporto. Não tem erro.
Não precisa se preocupar muito com o idioma. O dinamarquês fala inglês fluente e isso não é uma coisa apenas dos jovens.
Copenhague é cara em todos os aspectos. Uma forma de gastar menos com alimentação é procurar os supermercados (Irma ou Fotex), que sempre têm comidas prontas.
Comer nas padarias também é uma boa pedida, ótimos lanches e refeições rápidas. Aliás, os pães dinamarqueses são sensacionais, morro de saudades! Minha padaria preferida era a Lagkagehuset (tem em vários pontos da cidade). Outra dica são os cachorros quentes de rua, deliciosos!
No início dos anos 2000 houve uma revolução na culinária nórdica. New Nordic Cuisine é um manifesto assinado por vários chefes nórdicos, em que se comprometiam a resgatar a origem e os valores da cozinha nórdica.
Eles se propõem a usar produtos frescos e da estação, deixando de lado os produtos altamente industrializados e estrangeiros, de modo a oferecer sempre uma comida equilibrada e mais sustentável.
Na Dinamarca, os maiores expoentes desta culinária são o restauranter Claus Meyer e o chefe de cozinha René Redzepi. Hoje em dia há muitos restaurantes que funcionam neste conceito, mas eles costumam ser bem caros.
Com relação ao clima, o frio começa em setembro/outubro e vai até abril/maio. A temperatura média no verão é de 20º C. Sempre esteja preparado para a chuva!
Se você estiver em visita a Copenhague na época da florada das cerejeiras, que normalmente acontece em abril/maio, o melhor lugar para vê-las é no Cemitério Bispebjerg. É um espetáculo!
Esse cemitério é um pouco afastado do centro, mas o transporte público te deixa na porta (você pode pegar ônibus 66 ou 6A perto do Tivoli). Outro lugar que também tem muitas cerejeiras é o Parque Langeline, perto da estátua da Pequena Sereia.
Há uma palavra muito associada ao povo dinamarquês, especialmente ao seu modo de vida: hygge. Essa é uma daquelas palavras que não têm tradução em outras línguas, e acaba se tornando típica do lugar.
Hygge refere-se a aproveitar as coisas boas e simples da vida, seja entre amigos ou sozinho. É a sensação de aconchego e contentamento que esses momentos proporcionam.
Observe as pessoas na rua, como elas tratam seus filhos, sua relação com coisas simples e cotidianas, como o sol e o tempo livre. O capricho e a tranquilidade presente em tudo o que fazem. O dinamarquês é um povo extremamente feliz!
Espero que você tenha gostado deste texto e que ele possa te ajudar a se apaixonar por Copenhague! Skål!