Hurghada: templos de Luxor e as praias no leste do Egito
Uma das vantagens de morar na Europa é, sem sombra de dúvida, o leque de possibilidades que se abre em termos de novas pessoas a se conhecer, culturas a serem experimentadas, idiomas a serem aprendidos e viagens a serem feitas :)
A oferta de voos low cost – não apenas continentais mas também para países na África e Ásia – são irresistíveis para quem gosta de viajar como eu.
Depois de anos de vivência e muitas viagens por aqui, decidi passar a buscar destinos mais exóticos e distantes. Quanto maior o choque cultural, melhor. E foi com essa ideia na cabeça que decidi, no fim do verão, conhecer o Egito.
Além de representar uma última chance de aproveitar o sol antes do rigoroso inverno alemão, o país oferece preços muito em conta, além de uma culinária rica e variada e experiências interessantes com a religião predominante, muçulmana, e o idioma árabe, indecifrável para quem está acostumado com línguas latinas ou o inglês.
Na hora de decidir o roteiro, que infelizmente teria que ser de apenas uma semana em função das férias, optei por deixar Cairo para uma outra vez e conhecer Hurghada, uma cidade repleta de resorts na costa do Mar Vermelho e de onde se poderia visitar Luxor, onde ficam os principais templos e tumbas egípcias de milhares de anos atrás.
Um rápido passeio pela cidade confirmou muitos dos estereótipos que eu tinha do povo árabe e do Egito de uma forma geral.
Os egípcios são, como é da tradição árabe, comerciantes dos mais insistentes. É preciso ter paciência com abordagens a cada 10 segundos oferecendo fotos com camelos, tecidos, souvenirs, comida e tudo mais.
O clima é perfeito para quem gosta de sol e praia. Inclusive, algo que realmente me impressionou foi o fato de eu não ter visto, em nenhum dos sete dias de estadia, uma única nuvem no céu. Ou seja, bom tempo garantido para turistas como os muitos europeus que visitam este paraíso durante todo o ano!
As praias, como se pode imaginar, são paradisíacas. A água azulada e muito agradável, em torno dos 25 graus, combinada com o céu sempre azul e um vento constante são uma garantia de bronze (ou, para a maioria dos que lá estavam, aquele conhecido tom avermelhado típico dos europeus quando se metem a ir à praia sem protetor solar).
Um único porém são algumas pedras que se misturam à areia, tornando necessária a utilização de sandálias específicas para banho, coisa desconhecida de quem está acostumado com as praias de areias finas brasileiras – mas comum em destinos como Malta.
A cidade de Luxor, no entanto, infelizmente confirma mais um estereótipo de qualquer localidade africana: o da pobreza. Muito lixo e entulho espalhados pelas ruas, construções erodidas pelo castigo do clima árido do deserto, além de péssima infraestrutura. Sinais de que o passado próspero daquele lugar realmente está há milênios de distância.
Voltando para as coisas boas, visitar pontos turísticos como o Vale dos Reis e o Vale das Rainhas, onde estão as tumbas de Faraós que reinaram há 6 ou 7 mil anos é uma experiência impressionante.
Apesar do calor literalmente saariano e das agressivas condições climáticas destes locais (que deixariam com saudades qualquer carioca reclamando do verão) o tempo não destruiu corredores, cemitérios subterrâneos e passagens secretas.
Os hieróglifos egípcios nas paredes, que contam histórias de reinados e civilizações aos que os sabem decifrar, mantêm cores fortes apesar de todo este tempo, sem a necessidade de restauração.
Templos como os de Ramsés II, Ramsés III e Karnak desafiam turistas a imaginar como era possível, tantos milênios atrás, realizar projetos arquitetônicos tão complexos. Obeliscos, estátuas, pilastras, esfinges e outros monumentos deixam de queixo caído qualquer visitante que tenha o mínimo de interesse em história.
Um rápido passeio guiado de barco no rio Nilo, infelizmente, acabou com a minha esperança de ver um dos famosos crocodilos, que por séculos aterrorizaram a população local. Aparentemente, durante o processo de urbanização na década de 1960, a espécie acabou sendo extinta de lá. O que ficou foi apenas um rio largo, com águas bem escuras. Admito que, apesar do calor, ainda assim senti alguns calafrios.
Na volta à fria Alemanha, depois de uma viagem ótima e com muito sol, veio também a vontade de voltar a esse país tão interessante e diferente. Recomendo!