Slow travel: toda viagem merece um dia coringa
Minha primeira viagem pela Europa foi praticamente uma gincana. Eu estava tão curiosa para ver tudo o que aquele continente maravilhoso tinha de bom, que passava 2 noites em cada cidade e já pulava para a próxima da lista. Era tanta novidade, tanta ansiedade!
Muita gente cai nessa ideia de tentar encaixar o maior número possível de cidades para ver numa viagem só, especialmente na Europa e na Ásia… Mas nos meus 2 últimos mochilões adotei uma estratégia diferente e agora não quero mais saber de outra coisa: para cada cidade que eu visito, o roteiro ganha um dia coringa.
Basicamente, se todo mundo diz que 3 dias são suficientes para visitar Munique, eu fico 4. Primeiro porque, por experiência própria, essa história de “quantos dias são suficientes” quase sempre significa que esse é o tempo que você vai levar passar pelas principais atrações turísticas sem necessariamente parar pra curtir nenhuma delas. Segundo porque é nesses dias extras que as coisas mais surpreendentes e divertidas acontecem!
Programinhas diferentes
Quando você não está com pressa, quando não está preocupado em cumprir o circuito turístico “obrigatório”, você se permite descobrir coisas diferentes para fazer. Você puxa assunto com alguém no albergue e resolve fazer um passeio que não estava nos planos. Você embarca numa day trip para conhecer um pedacinho daquele país para além da capital. Ou simplesmente você relaxa e pega um solzinho no parque vendo o movimento da cidade.
Foi exatamente assim que descobrimos aquele fliperama retrô super divertido em Moscou, que deixamos um francês nos guiar por Lisboa e que nos permitimos entrar no museu tcheco que me fez fã do maior designer de art nouveau do mundo (me apaixonei ♥). Uma viagem de cada vez, o dia coringa foi se tornando o meu preferido.
Ninguém é de ferro
O dia coringa também tem funções práticas no roteiro de viagem – sempre tem um imprevisto, uma tempestade, um dia em que a gente passou mal ou uma coisa que não deu tempo de fazer. Foi o meu caso em São Petersburgo, quando a chuva forte quase me impediu de ver os palácios mais lindos da Rússia, e foi essa folga no itinerário que me deu uma segunda chance em Tsarkoe Selo com um céu azul maravilhoso!
Na vontade de acordar cedo para aproveitar o dia e dormir tarde para aproveitar a noite, a gente esquece que uma viagem mais longa exige um tempinho para colocar as roupas na lavanderia, ajeitar as coisas e descansar também, né, porque ninguém é de ferro.
Por mais que a gente não queira “pagar em euros para dormir”, se continuar assim você nem consegue aproveitar as últimas cidades da maratona. Cansei de ouvir histórias de amigos que sequer curtiram cidades que tinham tudo para serem highlights das férias, só porque já estavam exaustos.
Faz bem para o bolso
Desacelerar pode ser bom até para o orçamento de viagem, porque à medida que você conhece melhor uma cidade, você descobre lugares mais baratos para comer, além de ter mais flexibilidade para aproveitar os horários de entrada grátis nos museus. E, claro, os gastos com passagens e deslocamentos (que costumam ser uma das partes mais caras da viagem) reduzem bastante.
Na próxima viagem, experimenta deixar uns dias coringas no meio roteiro. Pode ser que você não visite tantas cidades, mas com certeza vai aproveitar muito mais ;)