À pé do centro à Ciudad Vieja de Montevidéu
Desembarcamos na capital uruguaia num dia de semana e o céu estava claro – eram as condições de que a gente precisava para escolher nossa primeira parada: o Mirador Panorámico de la Intendencia, um deck de observação no 22º andar do prédio da prefeitura. É aí que começa nosso roteiro do centro à Ciudad Vieja de Montevidéu, para ver as atrações mais famosas.
Chegamos ao Centro da cidade na hora do almoço e, enquanto esperávamos o horário de visita do mirador reabrir, aproveitamos para fazer uma refeição rápida no restaurante El Gaucho, a um quarteirão dali. Não foi dessa vez que experimentei o chivito (uma espécie de x-tudo uruguaio), pedimos um bife à milanesa com acompanhamentos.
Para subir ao mirador, o ingresso é grátis. Basta pegar o elevador panorâmico no subsolo da sede da Intendência. Li que era preciso retirar um ticket no ponto de informações turísticas que fica bem em frente à Intendência, mas ninguém pediu para conferir…
A vista lá de cima é muito bonita, a cidade não tem tantos arranha-céus e o Rio de la Plata enfeita o horizonte. Algumas plaquinhas apresentam em texto breve os principais marcos da skyline de Montevidéu. Foi legal reconhecê-los ao caminhar pela cidade depois.
Uma pausa para tirar foto com a escultura réplica do David de Michelangelo, em frente à prefeitura, antes de seguir pela Avenida 18 de Julio até chegar à Plaza Independência. Lá está o Palácio Salvo, construído em 1928 pelo mesmo arquiteto que fez o curioso Palácio Barolo em Buenos Aires – aquele que foi inspirado na Divina Comédia.
Em 2014, o Palácio Salvo passou a abrir para visitas guiadas, geralmente realizadas nos sábados à tarde, para ver o pôr-do-sol do alto da torre :) A dica é ficar de olho na página oficial no Facebook para conferir os dias e horários.
No meio da Plaza Independência, a estátua do General Artigas, que lutou pela independência do Uruguai. As escadas ao lado da estátua levam ao memorial que abriga um mausoléu do general e apresenta uma pequena linha do tempo com as batalhas e eventos que marcaram sua história (e a do país).
Dali, fomos conhecer o Teatro Solis, símbolo dos anos de ouro de Montevidéu, quando até a alta sociedade portenha atravessava o Rio de la Plata para ver suas óperas. Fizemos uma visita guiada para conhecer seus belos cômodos, mas não assistimos a nenhum espetáculo.
A programação é intensa, com agenda praticamente diária, e o mais interessante é que teatro, música e documentários se alternam quase todas as noites – o que é possível graças ao palco organizado em diferentes camadas. No dia anterior havia tido uma apresentação da Orquestra Filarmônica, uma pena ter perdido. A Orquestra, assim como a companhia de teatro Comédia Nacional, é parte do elenco residente do Teatro Solis e tem muitos espetáculos a preços populares (com ingressos de 4 a 7 dólares).
O salão principal, com capacidade para 1.250 pessoas e aquele ar europeu dos grandes teatros, tem um detalhe engraçado: a decoração do teto, que homenageia grandes personalidades da música e da dramaturgia, tem um erro de grafia no nome de Shakespeare!
Outra coisa curiosa são os camarotes logo ao lado do palco, que um dia tiveram os ingressos mais caros do teatro, embora deles não fosse possível sequer enxergar o tablado. Para os membros da alta sociedade que se sentavam ali, o mais importante era ser visto. Hoje em dia esses lugares não são mais vendidos, os camarotes são usados apenas pela equipe técnica.
Enfim, hora de adentrar a Ciudad Vieja de Montevidéu pela Porta de la Ciudadela, único vestígio do muro que três séculos atrás protegia Montevideu dos ataques portugueses.
Fizemos uma pausa para café e biscoitos na charmosa Panini’s Boutique, na rua Bacacay. Essa rua fica de frente para a lindíssima livraria Más Puro Verso, que também merece uma visitinha, para folhear uns livros e se encantar com a arquitetura art nouveau.
Uma alternativa legal para conhecer essa parte da cidade é fazer o Free Walking Tour, que funciona no mesmo esquema daqueles free tours que ficaram famosos na Europa: horário e ponto de partida fixos, galera faz um passeio a pé ouvindo histórias e curiosidades, no final cada um paga ao guia o que acha que o tour valeu. Ótimo para ter um panorama dos pontos principais da Ciudad Vieja.
Seguimos o passeio pela Peatonal Sarandí e suas transversais até nos surpreendemos com as lindas e iluminadas colunas da sede do Banco de la República. A esta hora já estava anoitecendo e o Mercado del Puerto não estava mais aberto (na época não pareceu uma área muito segura depois de escurecer, mas de 2013 pra cá a região da Ciudad Vieja de Montevidéu melhorou muito em termos de segurança).
Foi no almoço de domingo que conhecemos os restaurantes que ficam ali e experimentamos o Medio y Medio, bebida típica local que mistura vinho branco seco e espumante. Também achei curioso observar a estrutura de ferro do Mercado, feita na cidade inglesa de Liverpool.
Na saída do Mercado del Puerto, dei de cara com uma fonte Barcelona, idêntica àquela que fica na Rambla da cidade espanhola. Lembram que eu já tinha visto uma dessas em Buenos Aires?
Pra esticar a noite por ali, a dica são os bares da rua Bartolomé Mitre, perto do Teatro Solís, onde mesas de pubs tomam toda a calçada da Peatonal Sarandí até a rua Buenos Aires.