Sherlock Holmes: em Londres com o detetive
É pouco dizer que Sherlock Holmes é um personagem de ficção, talvez a essa altura ele já possa ser promovido a lenda. De 1890 para cá, o detetive mais famoso do mundo protagonizou tantas histórias em versões diferentes que Sir Arthur Conan Doyle sequer poderia imaginar. Surgiu até uma versão nova-iorquina, quem diria!
Mas é em Londres que a gente encontra a origem e o cenário perfeito para as aventuras de Sherlock Holmes. Nós seguimos as pistas do romance policial pelas ruas da capital inglesa e montamos o roteiro completo para investigar tudo sobre o detetive que jamais viveu e nunca morrerá.
O ponto de partida não pode ser outro: no famoso endereço em que o personagem morava, 221B Baker Street, foi criado The Sherlock Holmes Museum, com uma enorme coleção de objetos curiosos que figuram nas histórias do detetive – livros, violinos, cachimbos, recortes de jornal, zarabatanas egípcias e até a coleção de borboletas de John Watson!
A diversão já começa na estação de metrô – a Baker Street Station tem paredes estampadas com o desenho do personagem e a gente dá de cara com uma estátua dele, de capa e cachimbo, na saída virada para a Marylebone Road.
Na verdade o endereço de Holmes não existia na vida real – o fundador do museu pediu permissão à prefeitura de Londres para usar o número 221B, mas a casa está localizada entre os números 237 e 241.
Eu visitei a casa num mês de setembro e entrei direto, sem fila nenhuma, mas se você buscar “221B Baker Street” no Google Maps vai ver uma desanimadora fila de mais de 50 pessoas à porta do museu – o que pode acontecer na alta temporada. Honestamente não acho que valha encarar uma fila daquele tamanho, eu voltaria em outro horário.
Mas a fachada que aparece no seriado Sherlock (que tem no Netflix), é outra. A locação da série de TV foi o endereço 187 North Gower Street, a 25 minutos de caminhada do Museu (mais perto da estação Euston Square).
Bem ao lado, o Speedy’s Sandwich Bar and Café ficou conhecido não só por aparecer ocasionalmente na série mas também por ser frequentado pelo ator Benedict Cumberbatch durantes as filmagens.
Andando mais 15 minutos, você chega no British Museum, que Holmes frequentava em busca de informações sobre civilizações antigas e outras dicas que pudessem ajudar a resolver os enigmas.
Dali, mais duas estações de metrô levam à St. Paul’s Cathedral, catedral onde foram filmadas cenas importantes do filme Sherlock Holmes, com Robert Downey Jr.
Quem é fã de verdade também vai gostar de passar pelo Barts, o hospital São Bartolomeu, que serviu de cenário para o conto Um Estudo em Vermelho.
Foi lá que Holmes e Dr. Watson se conheceram – o detetive estava usando o laboratório do hospital para fazer testes em amostras de sangue e Watson achou que ele era estudante de medicina.
Se quiser fazer mesmo o roteiro completo, você pode dar um pulinho na região de Covent Garden para ver a Royal Opera House, um dos lugares favoritos de Sherlock, e o Lyceum Theatre, onde ele vai descobrir quem andava enviando cartas anônimas à sua cliente Ms. Morstan em O Signo dos Quatro.
Ou, quem sabe, pode dar uma volta pela região de Waterloo para sentir o clima da época vendo as casinhas vitorianas na Roupell Street.
Outro lugar interessante é o hotel The Langham, a 5 minutos da Oxford Circus, mencionado em várias histórias mas conhecido principalmente por ter sido o local escolhido por Conan Doyle para um jantar com o escritor irlandês Oscar Wilde e o editor da Lippincott’s Magazine, Joseph Marshall Stoddart, há 125 anos.
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A literatura britânica deve muito a esse encontro – naquela noite, os dois autores combinaram de escrever novos contos para a revista.
A contribuição de Conan Doyle foi O Signo dos Quatro, segunda história com o personagem Sherlock Holmes, dando origem à longa série que o eternizou, e a contribuição de Oscar Wilde foi nada menos que O Retrato de Dorian Gray. Coisa pouca, né?
Depois de tomar uns drinks no bar do hotel, que tal experimentar uma linguiça Cumberland, típica do norte da Inglaterra, que era o prato preferido do detetive? Você pode escolher entre o elegante Simpson’s in the Strand, restaurante muito frequentado pelo personagem, ou o caríssimo The Criterion, frequentado pelo próprio autor.
Mais acessível é o Sherlock Holmes Pub, perto da estação Charing Cross, que rivaliza com o Museu em termos de memorabilia “Sherlockiana”.
Os donos do pub compraram toda a coleção de objetos reunidos para o Festival Britânico de 1951 (promovido para levantar a moral nacional e a auto-estima do povo britânico no pós-guerra). Ali também é possível encontrar óculos, cachimbo, chapéu… E outra réplica do escritório do detetive.
Mas tem uma certa vantagem em relação ao museu: no pub, além de ver tudo isso, você ainda pode erguer um brinde com a Sherlock Homes Ale, cerveja de fabricação própria da casa.
A apenas 3 minutos do bar fica a Great Scotland Yard, ruazinha que dava acesso à sede da polícia britânica, famosa por seu departamento de investigação (tem umas placas com o endereço que são legais para tirar foto :) )
Mas o prédio que ficou mais conhecido como Q.G. da Scotland Yard só foi inaugurado 40 depois do primeiro, em 1890, no Victoria Embankment, vizinho ao Big Ben.
Acho que ainda preciso mencionar o Madame Tussauds nesse roteiro – fica super perto da Baker Street Station, mas acho que não falei dele antes porque, pessoalmente, não curto muito museu de cera…
Acontece que lá estão “embonecados” os dois atores que fizeram Holmes chegar tão vivo à nossa década: Benedict Cumberbatch e Robert Downey Jr. – este último devidamente caracterizado com roupas do período vitoriano conforme o personagem, e tendo uma biblioteca de época como cenário.
Sem dúvida as novas séries de cinema e de TV trouxeram uma nova geração de fãs aos romances policiais de Conan Doyle.
O frenesi é tanto que o Museu de Londres montou a maior exposição dos últimos 60 anos sobre o personagem (em cartaz até abril de 2015) e a Paramount planeja construir até 2020 um parque de diversões na Inglaterra com brinquedos e simuladores inspirados nas aventuras de Sherlock Holmes. Será que vai rolar mesmo? :D
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