Punta del Este e a pitoresca Casapueblo
Não conheci Punta del Este do jeito certo. Como todo bom balneário, a cidade pede uma semana de verão, com tempo para ir à praia durante o dia e badalar à noite.
Acontece que a minha viagem para o Uruguai foi em julho, pleno inverno, mas eu não queria deixar de conhecer a Casapueblo, que fica no caminho para Punta. Então optamos por um bate e volta a partir de Montevidéu.
Fizemos uma excursão daquelas bem tradicionais, de ônibus, saindo da capital às 9h da manhã e voltando umas 7h da noite.
No caminho, passamos pela pequena cidade de Piriápolis – o balneário frequentado pelos uruguaios, enquanto Punta del Este é um destino internacional e de luxo. Paramos no Cerro de Santo Antônio, onde há uma capela e de onde se tem uma vista linda da costa.
Paramos no Cerro de Santo Antônio, onde há uma capela e de onde se tem uma vista linda da costa. A Casapueblo foi a segunda parada da excursão.
Desenhada há 35 anos pelo pintor e escultor Carlos Paez Vilaró, hoje está dividida em três partes: a galeria, a casa particular do artista e um hotel.
Pitoresca, tem linhas curvas, escadinhas estreitas, móveis rústicos, um ar de atelier e uma bela vista sobre o Rio de la Plata.
Eu pensava em quantas referências aquela casa me trazia: Neruda, Gaudí e Santorini.
Impossível passear pela construção de Vilaró sem cantarolar “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada…”, sabendo que Vinícius de Moraes se inspirou na casa de seu amigo uruguaio.
A galeria é bem pequena, com poucas peças produzidas pelo artista, um café e, claro, uma loja de souvenir.
A grande estrela da visita é realmente a varanda, que exibe o encontro da fachada branca com o azul da água. Não é à toa que a Casapueblo rapidamente se tornou um ícone turístico do país.
De lá seguimos mais uns 20 quilômetros até Punta, onde demos uma volta pelos principais bairros.
Cruzamos as pontes onduladas para chegar a Barra do Maldonado, que no verão é o lugar mais procurado pelos jovens, por sua vida noturna.
Já Beverly Hills é a região das mansões, onde as casas têm nome em vez de números. Lá ficam os ricos e famosos que não quiseram saber de hotéis e resolveram comprar sua própria casa de praia no Uruguai.
A casa mais cara, estimada em US$ 15 milhões, é de um brasileiro, dono da Grendene.
De Shakira a David Beckham, quase todo mundo que é (ou tenta ser) alguém no showbiz já desfilou no verão de Punta del Este. Aliás, da orla a gente consegue ver a Ilha Gorriti, mais conhecida como a Ilha de Caras.
Para completar, uma passadinha pela ponta mais ao leste da costa, que dá nome à cidade, e que marca o encontro das águas do Rio de la Plata com o oceano.
A ponta divide a Playa Mansa, banhada pelo rio, e a Playa Brava, virada para o mar aberto.
Em termos de sightseeing a cidade tem pouca coisa: a capela e o farol (que são as construções mais antigas de lá), o caríssimo Cassino Conrad (que também promove shows internacionais), o Museu de Arte Ralli (que fica entre as mansões de Beverly Hills) e La Mano (estátua criada por Mario Irrazábal, mesmo artista que fez aquela outra mão no Deserto do Atacama, no Chile).
La Mano é o maior cartão postal da cidade. Mesmo no inverno, estava cheia de turistas. Difícil conseguir uma foto sem dúzias de pessoas fazendo macacadas atrás: sempre tinha uma pulando, outra bancando a modelo, alguém subindo nos dedos…
Mas não tem jeito, não dá pra não turistar num lugar desses! rs Acabei entrando na brincadeira e subi na estátua também, foi uma cena ridícula, mas as fotos ficaram legais :D
O significado da estátua é controverso: há quem diga que ela representa a presença do homem na natureza…
E quem diga que é um aviso aos banhistas que se aventuram no mar agitado da Playa Brava – por isso a obra também é chamada de Monumento ao Afogado.
Fiquei pensando como deve ser Punta del Este na alta temporada, uma loucura. O guia disse que o trânsito fica todo engarrafado, os restaurantes e boates têm fila… Aquela coisa de cidade balneário, né?
No nosso passeio faltaram duas coisas: conhecer os lobos marinhos que habitam a Isla de Lobos e assistir o sol se pôr. Porque quando chegou o fim da tarde, era hora de voltar para Montevidéu.
Dizem que o pôr-do-sol é lindo da Casapueblo também. Para quem quiser ver o espetáculo, é bom chegar com certa antecedência para garantir um lugar no terraço, já que a casa fica lotada nessa hora.
Vale lembrar que lá no verão o dia é mais longo e o sol só se põe depois das 8h da noite.
No inverno, a temperatura estava por volta dos 10 graus. Se dizem que a água do mar em Punta del Este já é fria durante o verão, nem imagino como deve ser no meio de julho!
Mas São Pedro foi muito gentil e nos ofereceu um belo dia de sol e céu azul para deixar as paisagens ainda mais bonitas.
Em compensação, no dia seguinte, o nevoeiro foi tão forte que fechou o aeroporto e cancelou nosso vôo de volta para casa… Ainda bem que a gente aproveitou!
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