Primeiras impressões de Marrocos
Viajar para Marrocos foi uma grande experiência e boa parte disso se deve ao choque cultural. Antes de fazer um post sobre as coisas maravilhosas que tem para ver por lá, deixa eu compartilhar algumas das primeiras impressões que tive de Marrakech (não gosto muito de escrever Marraquexe com X, me perdoem) e umas dicas muito úteis.
Já ao aterrissar no aeroporto Menara dava pra imaginar o que eu ia encontrar pela frente. Marrakech é uma cidade toda em ocre, com suas construções de argila cheias de arcos e nenhum compromisso com os ângulos retos.
Recentemente, o Menara foi todo reformado e está moderníssimo. Mas olha só o naipe do aeroporto com o que eu me deparei em janeiro de 2009!
O quarto do Riad (um tipo de pousada típico do Marrocos) em que eu fiquei sequer tinha o piso nivelado, as paredes se encontravam em ângulos aleatórios e a cama ficava ligeiramente inclinada – nada que incomodasse, mas é engraçado ver o estilo das construções locais, como se tudo fosse feito à mão :D
Mas eu não trocaria o Riad Dar Maada por nenhum hotel 5 estrelas. Acho que ficar em uma construção típica e comer pão caseiro, como é costume, foi essencial para a gente sentir o clima do Marrocos.
Não encontrei o site do Riad Dar Maada, talvez não esteja mais funcionando… Mas recomendo procurar pousadas assim, com o charme local. E não deixe de puxar assunto com os donos, que sempre explicam muito sobre a cidade.
Além de todo o charme pitoresco da Medina, vale a pena se hospedar por ali porque é nessa região histórica que está a maior parte das atrações – como o Museu de Marrakech, a Medersa Ben Youssef e a ruína do Palácio Badi. O Jardim de Majorelle é um dos poucos programas do circuito tradicional que fica mais afastado.
A Medina é um verdadeiro labirinto. Becos, arcos, casinhas, casarões, motos e lambretas dividindo espaço com caleches (carruagens) e muita gente por todo lado. Todos os tortuosos caminhos levam à Djemaa El Fna, uma grande praça principal com restaurantes e incontáveis lojinhas que formam o maior souk da cidade.
Os souks são mercados (ou feiras?) onde se vendem frutas secas, temperos, lenços, lâmpadas (como a do Alladin!), espelhos, jóias, tapetes, tamancos, bolsas de couro, tudo, tudo, tudo. Tem gente que escreve souq, com Q, mas acho mesmo que é com K – palavras árabes às vezes são difíceis de se transcrever.
O cheiro dos temperos, as ruelas da Medina e os sons que a gente não consegue entender fazem o coração disparar no primeiro dia de viagem. Para circular por essa parte inquieta e fascinante da cidade, compartilho 6 dicas práticas que podem fazer a diferença:
1. Negocie pra valer
Em Marrakech não se pergunta preço descompromissadamente como aqui. Logo o vendedor questiona quanto você quer pagar e então começa uma enorme barganha. Mas é preciso ter em mente quanto você está disposto a dar por cada coisa – às vezes os caras não te dão nem um ponto de partida para começar a negociar.
Vale derrubar o valor a um décimo, fazer drama dizendo que vai embora, pedir para incluir mais uma coisinha pelo mesmo preço… Só não vale sair sem comprar – depois de tanta negociação, eles ficam ofendidos se você fizer isso.
2. Ande com trocados
Não saia do aeroporto sem trocar dinheiro por notas pequenas e moedas, porque todo mundo te pede uma gorjeta. Na Djemaa El Fna não faltam os lendários encantadores de serpente e artistas fazendo número com macaquinhos adestrados ou outras gracinhas para arranjar uns trocados.
A moeda local é o Dirham, que só se pode comprar no próprio país (não é permitido cambiar a moeda fora do Marrocos. Guarde o comprovante para trocar o que sobrar ao fim da viagem).
3. Marrakech é uma cidade segura
Como em todo lugar turístico, há sempre risco de furtos e pickpocket em geral – então é bom manter os objetos de valor próximos ao corpo e ficar atento. Os turistas às vezes são assediados por uns trocados, mas se você se sentir incomodado é só dizer que vai chamar a polícia que a palhaçada acaba. A gente não vê muitos guardas, mas dizem que se você chamar “polícia” em voz alta, eles aparecem do nada.
4. O primeiro taxi sai caro
O taxi do aeroporto para a Medina acaba saindo três vezes mais caro do que o taxi da Medina para o aeroporto. Isso é porque você ainda não tem notas trocadas, ainda não tem a firmeza de negociar e não conhece outra forma de chegar à cidade. O ideal seria negociar um preço fixo com o taxista (algo entre 40 e 70 Dh) ou convencê-lo a ligar o taxímetro, mas os árabes falam com um tom intimidador e a gente acaba pagando cerca de 150 Dh ou 200 Dh pela corrida.
Alternativamente, você pode pegar o ônibus 19 do Menara até a Medina por apenas 30Dh (ou 50Dh ida e volta), mas em um lugar que nos parece tão exótico, pouca gente se arrisca.
5. O pequeno golpe do guia
Essa reúne duas coisas que eu já disse antes, mas é preciso repetir: a Medina é um labirinto e você precisa andar com moedas. Na Medina não circulam carros, e isso quer dizer que toda a parte histórica e turística é percorrida à pé. Mas em meio àquelas ruelas confusas, cheias de curvas e de gente, é muito difícil manter a noção de direção. Você eventualmente se perde e logo aparece um Mohammed ou um Mustafah oferecendo para te guiar até o local desejado.
Não adianta dizer que não, porque você realmente não sabe para onde ir e, de novo, vem aquele tom intimidador das palavras árabes. O problema é que, ao chegar lá, o rapaz te pede uma boa grana (quando aconteceu comigo, a gorjeta exigida equivalia a 10 euros!). Seja firme, dê uns 20 Dhs (2 euros) e diga que é mais do que o suficiente.
6. Todo idioma é válido
A língua oficial é o árabe (aliás, adorei o fato de que o passaporte é carimbado na última folha, seguindo a lógica da-direita-para-a-esquerda), mas os marroquinos falam francês também – e isso já é alguma coisa mais próxima do português. Mas a verdade é que o idioma pouco importa, porque quando eles querem te vender alguma coisa falam pouquinho de cada língua e, na base da simpatia, todo mundo se entende.
Pronto! Agora podemos partir para ver tudo o que há de lindo no Marrocos! Veja também o post Mosaicos marroquinos, com dicas de passeios e o que fazer em Marrakech, e as dicas do blog Tô Pensando em Viajar para organizar uma viagem pelo Marrocos passando também por Fez e Merzouga!
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