Copenhagen e a cidade livre da Christiania
Chegamos em Copenhagen num domingo à noite e fomos embora numa quarta de manhã – talvez não tenha sido a melhor experiência para ver a energia da cidade, já que no início da semana é tudo mais devagar. Ainda assim, os dinamarqueses pareciam animados com o verão do mês de agosto.
Copenhagen é uma cidade bem cara (especialmente a comida), seu dinheiro vai embora sem você nem perceber. E como a Coroa Dinamarquesa vale menos, bem menos que o Euro, você perde a noção das coisas.
Centro histórico de Copenhagen
Logo no primeiro dia, saímos para dar uma volta pelo centro e fazer um walking tour desses que são de graça, mas que no final você dá uma gorjeta. Aliás, isso foi o que a gente mais fez na viagem – esses tours são super legais, e uma forma bacana de conhecer as cidades e as histórias, além de interagir com outros viajantes.
Fomos de metrô até a Kongens Nytorv, uma das principais praças do centro de Copenhagen. Estava tudo em obras, com tapumes coloridos com obras de arte contemporânea, pra não ficar com aquela cara de tudo quebrado. Andando por uma rua cheia de lojinhas e inúmeras H&M, tivemos a sorte de ver a banda dos soldados reais passando em marcha.
Andando ainda na mesma direção, chegamos à praça onde tem o Tivoli Park, o City Hall e o Palace Hotel. Prédios enormes, pesados, com esculturas grandes também – essas coisas sempre me impressionam.
No walking tour, entendi porque os prédios não parecem tão antigos quanto a cidade é. Copenhagen tem uma história conturbada, com 2 grandes incêndios que destruíram a cidade inteira. Clima seco, vento constante e casas de madeira são uma péssima combinação.
Isso marcou de tal forma a cidade que os prédios mais antigos são sextavados, sem as quinas, pra que os caminhões de bombeiros pudessem fazer as curvas sem ficar presos (!!!!)
Nyhavn e o canal de casas coloridas
Ainda nessas redondezas, visitamos a Nyhavn, uma região absolutamente linda, com um canal no meio, cheio de barquinhos, casas coloridas, bares, bares, bares…. Antigamente essa rua era perigosa, frequentada por todo tipo de “fora da lei”, mas foi revitalizada pra virar o esse lugar delicioso que é hoje.
Era ali na Nyhavn que morava o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, autor de A Pequena Sereia, O Patinho Feio e dezenas de outros contos infantis. Tem uma estátua dele no Central Park, em Nova York, lembra?
Andando por essa rua em direção ao mar, você vai sentir um cheiro inebriante de algo muito delicioso. É uma lojinha chamada Vaffelbageren, meio no subsolo, que faz waffles e sorvetes. Pare lá, coma um waffle, seja feliz.
Mais adiante, à esquerda, dá pra ver Christiania, que é o estado independente. Mas falarei sobre isso mais pra frente. Seguindo caminho, você chega na pracinha onde tem os Palácios Reais da Dinamarca.
Eles são uma realeza diferente: interagem com as pessoas, tem “vidas normais”, as crianças vão pra escola como qualquer uma… Inclusive, uma das princesas era uma pessoa normal, que um dia saiu pra beber, encontrou num bar o amor da sua vida, e o cara era o príncipe. Imagina? Hahaha
Tivoli e a Pequena Sereia
Já a famosa escultura da Pequena Sereia, que vive cheia de gente tirando fotos, é assim….. nada demais. ¬¬ Bonita a sereia sentada numa pedra no mar, mas não é nada grandioso nem surpreendente. É só bonito. É tipo o índio que tem na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro (ainda que tenha gente quem nem nota que ele existe… hhahahah tadinho do índio).
Esse passeio é lindo, na verdade. Tem um monte de jardins no caminho, igrejinhas, coisas fofas. Foi um dia bem tranquilo, mas a gente tava de férias e queria agitação. Nos indicaram um bar bem pertinho da praça do Tivoli, chamado Tap House.
Bares em Copenhagen
Tap House é um bar minimalista. Você não vê quadros, rótulos, logos, NADA. Apenas 3 telas de TV no alto do bar, com 60 números, nome e descrição da cerveja. De novo: sessenta torneiras de cerveja. Ses-sen-ta.
Você entra pensando “tenho pouco dinheiro pra gastar, vou tomar uma só”, e sai de lá rico, depois de ter bebido umas 6… hahahah Como a graça é conhecer coisas diferentes e beber cervejas locais, tomei uma com folha de pinho na receita. Maravilhosa.
O problema é que, pra pessoas com memória visual como eu, não ter o rótulo ou a logo da cerveja no bar me faz perder a referência do que eu bebi por lá. Nunca vou lembrar que cervejas eram aquelas pra beber de novo. Carpe diem! hahaha
Isso ainda era uma noite de segunda-feira, as coisas fecham cedo, mas esse bar em especial ficava aberto até a meia noite. Um milagre. Saímos de lá só quando o bar fechou, obviamente. Meus amigos ainda queriam mais diversão e acharam um karaokê-inferninho terrível bem na rua da frente do bar. Fomos. Saímos de lá defumados e roucos às 6h da manhã. Preciso dizer mais?
No dia seguinte, fizemos coisas mais tranquilas. Queríamos ir ao Museu de Design, mas nem tempo para visitar, porque já estava fechando na hora que a gente chegou. Resolvemos então ir pra Christiania!
Freetown Christiania: território hippie
Na década de 70, um bando de artistas, jovens e hippies invadiram uma antiga área militar e fizeram dali sua “Freetown”. A polícia tentou removê-los várias vezes, mas o movimento cresceu até que a galera se revoltou, parou de pagar impostos e fundou um pequeno estado autônomo.
Ao longo dos anos 2000, rolou uma negociação com a Dinamarca para regularizar o território da Christiania e atualmente eles pagam impostos à cidade de Copenhagen pelo terreno, mas se mantêm como uma vila comunitária e autogestionada.
Pra entrar lá, você passa por um portal escrito “Você está entrando em Christiania” e na volta “Você está voltando para a União Européia”. Turistas não podem tirar fotos lá dentro.
O lugar é muito louco, clima diferente, uma coisa entre livre, relax e pesado. Arte, amor livre e drogas. São várias casinhas e barracas onde moram e trabalham artistas, gente mucho loka. E tem vários bares, um monte de gente circulando… Uma experiência sem igual. Depois, a gente volta pra União Européia e sente a diferença.
Essa foi a nossa viagem para Copenhagen. Foi curtinha, gelada (maldito vento), mas foi bacana :)
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