Um roteiro de 10 dias pelo Japão
Lá do outro lado do mundo, o Japão é uma caixinha de surpresas cheia de encantos a serem descobertos. Um país milenar, marcado por guerras e lendas, o que significa muito aprendizado e histórias para contar. A cultura é única e rica, assim como a gastronomia, que vai muito além do peixe cru.
Surpreenda-se com a mistura de tradições e modernidade, onde tecnologia de ponta convive ao lado de uma cultura de milênios. E deixe-se encantar pelos japoneses, seja ao fazer uma compra nas lojas, seja ao pedir uma informação na rua.
Viajar pelo Japão é mais fácil do que se pode imaginar. A malha de trens é excelente e a qualidade do serviço não fica atrás. Antes de mais nada, é importante que você saiba de alguns detalhes para se preparar para a viagem.
Brasileiros precisam de visto para entrar no Japão e ele deve ser solicitado no consulado japonês (São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte do Triângulo Mineiro) ou nas Representações Diplomáticas e Consulares do Japão no Brasil.
As estações do ano são bem demarcadas e cada uma tem sua característica própria. O inverno tem paisagens e esportes com neve, o verão tem a agenda recheada de festivais, já a primavera e o outono são encantadores pelos cenários marcados pelas flores de sakura ou pelas folhas avermelhadas do momiji.
A forma mais fácil de se locomover pelo país é de trem. O famoso shinkansen (trem bala) circula com conforto e segurança pelas maiores rotas. Há ainda os trens expressos e comuns que fazem trechos locais.
A Japan Railways é a principal operadora ferroviária e para um roteiro de 10 dias com várias cidades incluídas vale ter o JR Pass de 7 dias. Ele é válido em todos os trens da linha JR (mas não em linhas privadas e metrôs).
Minha sugestão é usar o passe no começo da viagem (roteiro abaixo) e em Tokyo pagar pelas passagens avulsas (distâncias menores, mais baratas e você vai usar muito metrô, que não aceita o passe).
10 coisas que você precisa saber antes de ir para o Japão
Vamos então ao roteiro de 10 dias pelo Japão! Ele não inclui os dias de vôo (saindo do Brasil, considere 2 ou 3 dias) e o deslocamento até Hiroshima. Considere isso no seu planejamento.
Dia 1 – Hiroshima
Impossível falar de Hiroshima sem lembrar da história da Segunda Guerra Mundial e da bomba atômica. Apesar de triste e pesado, hoje a cidade tem muitas atrações interessantes e referencia os acontecimentos históricos de uma forma muito bonita: com as memórias pelos que se foram e com um pedido de paz mundial.
O Parque da Paz é o maior ponto de referência em Hiroshima. Uma área verde que reúne monumentos diversos que pedem, cada um ao seu estilo, o fim da violência e das guerras. Entre a chama que só se apagará quando as armas nucleares forem extintas ou o sino cujo som simboliza a mensagem da paz, há dois memoriais muito emocionantes que se destacam para mim.
O primeiro é A-Bomb Dome, a construção mais próxima do ponto em que a bomba explodiu, e o outro é o Monumento das Crianças, construído em homenagem à Sadako. Ela era uma estudante que morreu de leucemia, vítima da radiação da bomba atômica e resgata a lenda dos mil tsurus – pássaros feitos com dobradura de papel – uma das histórias mais famosas do Japão.
Dia 2 – Miyajima
Miyajima é considerada uma ilha sagrada no Japão e fica bem pertinho de Hiroshima. Em um bate-volta dá pra conhecer as principais atrações. A mais famosa é, sem dúvidas, o Santuário de Itsukushima muito conhecido pelo portal que fica à sua frente e parece flutuar na água. Você provavelmente já viu uma foto dele por aí.
Outro ponto que merece ser visitado é o Monte Misen, o lugar mais importante da ilha. Dá pra subir caminhando pelas trilhas ou pelo teleférico. A vista lá de cima é bem bonita.
A ilha está cheia de cervos que circulam livres e isso se torna uma atração à parte :)
Dias 3 e 4 – Kyoto
Kyoto é a pedra preciosa do Japão (e, não por acaso, minha cidade favorita). Cheia de história e de templos, ela exala cultura e é exatamente aquela imagem que você vê nos filmes que falam do Japão.
Não se deixe enganar pela moderna estação de trem porque em poucos minutos de caminhada você encontra as casinhas típicas, os restaurantes super tradicionais e, com um pouco de sorte, até maikos e geishas pelas ruas.
Os passeios por Kyoto se resumem a templos, templos e mais templos. Impossível conhecer todos eles em 2 meses, quem dirá em 2 dias, mas dá pra ter um gostinho.
O mais famoso e fotogênico de todos é o Kinkakuji, conhecido como pavilhão dourado. Mas os meus favoritos são o Kyomizudera, templo da água sagrada, e o Fushimi Inari, o santuário com tantos portais enfileirados que formam túneis.
Para quem gosta de reflexão, o Ryoanji tem um jardim com um significado especial: as 15 pedras que nunca são todas vistas do mesmo lugar simbolizam a perfeição como algo que não conseguimos atingir. E para quem gosta de história, o Castelo de Nijo é parada obrigatória para conhecer um pouco do Japão Imperial.
A região de Arashiyama também é interessante, e pode ser conhecida de bicicleta ou num circuito de trem turístico + barco. Passeios ótimos para curtir a cidade ao ar livre!
Dia 5 – Nara e Osaka
O combo Nara e Osaka é uma opção para incluir mais 2 cidades no roteiro, mas nada impede de você trocar este dia para se aprofundar em Kyoto. As duas são bem próximas da capital cultural e dá pra conhecer um pouquinho de ambas em um único dia (é corrido, já aviso).
Dedique a parte da manhã ao Nara Park, um parque enorme cheio de cervos (lembra os de Miyajima? Eles estão aos montes por aqui!) e templos.
O Kasuga-taisha é o mais bonito deles, pelo caminho cheio de lanternas de pedra que te conduzem ao seu interior. O Todaiji guarda a maior imagem de Buda feita em bronze do mundo, com 15 metros.
A parte da tarde é em Osaka, a terceira maior cidade do Japão, atrás apenas de Tokyo e Yokohama. O forte por lá é a gastronomia, então é um bom lugar para almoçar.
A principal atração é o Castelo de Osaka (imagem em destaque no alto da página) que já foi reconstruído tantas vezes por motivos como guerras e incêndios, e hoje é um museu. Para o jantar, procure o restaurante que mais te agrada na Dotombori, uma rua gastronômica. Difícil escolher o melhor!
Dia 6 – Yokohama
Yokohama é outra super metrópole, bem perto de Tokyo. O ideal é já se hospedar na capital e fazer um bate-volta para a cidade. Se você usou o JR Pass para se deslocar do aeroporto para Hiroshima no primeiro dia, este é o seu último dia com o passe válido.
Minato Mirai é uma região super moderna e cheia de prédios futuristas, áreas de compras e entretenimento. Bem no centro dessa região fica o Cosmo World, o parque de diversões dono da roda gigante que é o cartão postal de Yokohama.
A cidade tem alguns museus curiosos como o Museu do Cup Noodles, o Museu do Lamen (macarrão ensopado muito tradicional no Japão) e a fábrica da cerveja Kirin. E mais, a maior Chinatown do país fica lá, então pelo menos uma das refeições já tem lugar definido (escolher o restaurante aqui é outro desafio).
Dias 7, 8, 9 e 10 – Tokyo
Enfim, chegamos à capital japonesa. Tokyo tem tanta coisa para fazer que daria para ter um roteiro de 10 dias apenas na cidade e seus arredores!
As figurinhas carimbadas de quem passa por Tokyo são a Tokyo Tower, para ver a cidade lá do alto, o cruzamento de pedestres em diagonal que fica em Shibuya, cenário de filmes (e ótimo lugar para compras – segure o cartão de crédito!), a Takeshita doori, no bairro de Harajuku, com suas lojas fashion e pessoas alternativas e criativas (tem para todos os gostos) e o Palácio Imperial, que só dá pra ver de longe, mas é lindo mesmo assim.
Mas Tokyo vai muito além. Como toda cidade japonesa, os templos estão presentes e o Senso-ji, em Asakusa, merece destaque. Há ainda uma porção de outros templos dentro do Parque Ueno. Aliás, esse parque vale a visita, seja para caminhar, para ir ao zoo, aos templos ou aos museus que ficam em sua área.
Jardins no meio da cidade? Temos opções: Yoyogi, Hama-Rikyu e Rikugien, para citar alguns. Museus? Museu Nacional de Tokyo, Tokyo Metropolitan Art e Edo-Tokyo Museum são mais focados em história e arte, enquanto o Ghibli Museum e o Advertising Museum Tokyo são para quem quer ver um museu diferente – o primeiro é de um estúdio de animação e o outro sobre a publicidade japonesa.
Para uma experiência única em Tokyo, acorde bem cedinho para ver o leilão de atum no Tsukiji Market, o mercado de peixes. Dê um abraço na estátua do Hachiko, ao lado da estação Shibuya, e conheça a história do cachorro mais querido do Japão. Que tal uma volta por Ameyoko e uma noitada em Roppongi? O pólo de entretenimento fica em Odaiba, já as lojas de grife, em Ginza.
Só aí já tem ideia para mais de 4 dias de passeio! Ainda tem mais, mas fica um motivo para visitar Tokyo (e o Japão) mais de uma vez.
O Japão é um país que encanta. Sou suspeita para falar, estive lá 3 vezes e com planos de ir mais algumas. A volta é sempre com aquele gostinho de quero mais e as memórias ficam para sempre.