Quando os planos de viagem dão errado
Uma das coisas mais legais de uma viagem é esperar por ela. A escolha do destino, a definição da rota, o planejamento da visita às atrações turísticas, a escolha dos meios de transporte. Quanta coisa pra decidir!
Essa fase já me rendeu encontros divertidíssimos com meus companheiros de viagem – com direito cerveja bem gelada ou vinho (dependendo da época do ano), mapas e guias na mesa, além de muito papo-furado e gargalhada.
A preparação é fundamental para que a viagem seja um sucesso, mas é preciso também ter flexibilidade para lidar com os imprevistos e não permitir que eles arrasem o seu humor e acabem com o clima das férias.
Não tem jeito: os imprevistos estão sempre lá. Não é possível evitá-los, então, o melhor é tentar se divertir com eles. Livros, joguinhos e música já fazem parte da minha bagagem de mão. São excelentes para driblar a irritação com os atrasos dos voos (que já nem podem mais ser considerados imprevistos, né?).
A lista de “coisas que acontecem” é interminável: malas que são extraviadas, hotéis que não registraram a sua reserva, museus que fecham exatamente no dia que você se programou para visitá-los…
Pior mesmo é quando surgem problemas de saúde, justo durante as férias! Antes de viajar, sempre dou uma passadinha no consultório do meu médico e peço que ele receite um kit de remédios de emergência – pra dor de garganta, ouvido, estômago, inflamação, dor de barriga…
Enfim, as reações que o organismo pode ter quando mudamos drasticamente de rotina. O clima diferente e as comidinhas mundo afora nem sempre caem tão bem quanto a gente gostaria.
É claro que eu não piso no Aeroporto Internacional sem seguro de viagem, com assistência médica. Até hoje, eu nunca precisei usar, mas fico mais tranquila tendo sempre um comigo.
É importante ler com atenção as condições da apólice, pois muitos seguros de viagem funcionam à base de reembolso – isso quer dizer que você deve providenciar o atendimento médico, pagar a conta, e só depois dar entrada com os recibos para acionar a seguradora; não é como o plano de saúde nacional, que basta apresentar a carteirinha para obter atendimento médico.
Chuvas que nos forçam a mudar os planos também são comuns. Eu faço assim: se começo a viagem com lindos dias de sol, vou fazendo a programação de passeios a céu aberto. Deixo os museus e outros locais fechados para os últimos dias da viagem ou para os eventuais dias chuvosos.
Talvez a gente preferisse que os imprevistos não acontecessem, mas no fim das contas são eles que fazem cada viagem ser única e as nossas lembranças serem diferentes das de outros viajantes.
De todos os que vivi, o evento inesperado que mais me divertiu foi provocado pelo vulcão Eyjafjallajökull que entrou em erupção na Islândia, em 2010, formando uma nuvem cinza de partículas de silício sobre a Europa e provocando o fechamento de diversos aeroportos e gerando um caos aéreo em todo o continente.
Eu estava em Atenas, na Grécia, pretendendo pegar um voo para Paris. Com os aeroportos de Paris fechados, o voo da Air France não decolou. A previsão era de pelo menos mais cinco dias até conseguir embarcar para a conexão que me traria de volta pra casa.
Eu e meu marido no aeroporto, já tendo conhecido o suficiente de Atenas, ficamos um pouco frustrados e sem saber o que fazer. Foi então que decidimos comprar passagens (a preço de ponte aérea Rio-São Paulo) para um voo de 40 minutos que nos levou para Santorini.
Tínhamos conhecido algumas ilhas gregas em rápidos passeios, por conta do cruzeiro em um pequeno navio que nos pegou em Kusadasi, na Turquia, e nos deixou na capital grega. Mas a linda Santorini, famosa por suas casinhas brancas, merecia um pouco mais de nossa atenção.
Os hotéis estavam com preços de promoção pois haviam ‘perdido’ os turistas que viriam do norte da Europa. E assim nosso imprevisto e nosso voo cancelado para a França se transformaram nos cinco dias mais gostosos de nossas férias.
Ficamos num lindo apartamento típico do hotel Chelidonia, com uma vista indescritível sobre o mar de Santorini. Camarões, queijo feta, iogurte grego, azeitonas, mel, vinho, muita paz e muito amor.
Tudo bem que Paris tem muitos encantos, mas a cidade fica bem no centro da Europa e, se Deus quiser, não me faltarão motivos para incluí-la no roteiro de outras férias. Quando eu teria chance de voltar a Santorini, se não fosse pelo o vulcão islandês?
E ainda economizamos uma grana com os preços de ocasião nos restaurante de Ôia, parte alta da ilha, com direito a inesquecíveis crepúsculos vespertinos. O Ochre Wine Bistro e o Feredini são boas opções.
Planejar é importantíssimo pra que você não perca o melhor da viagem, mas dançar conforme a música também tem o seu valor. Você pode ter boas surpresas se não ficar apegado demais ao seu planejamento e ainda vai se livrar de várias crises de mau humor que atacam turistas contrariados, especialmente quando se viaja em grupo.
E você? Já teve que improvisar nas suas viagens? Comenta aí.