Pegando o jeito da Tailândia: Chiang Mai
Saímos de Bangkok um dia no fim da tarde e pegamos um trem noturno para Chiang Mai, a segunda maior cidade da Tailândia. Estávamos com um grupo grande e não faltaram brincadeiras, papos e baralhos pelo caminho :)
O trem não é luxuoso – mas quando dá a hora de dormir, os comissários de bordo fazem transformar os bancos em camas surpreendentemente confortáveis. O Guilherme, como é alto, não achou tão confortável assim, mas eu sou baixinha e achei ótimo.
Bangkok tinha sido a nossa primeira parada na Ásia, mas a capital é muito cheia de informação para digerir. A ida para Chiang Mai foi fundamental para compreender o pouco melhor a Tailândia e entrar no ritmo do Sudeste Asiático.
Chang Mai tem mais de 300 templos budistas, maior parte no centro histórico, que é delimitado por um muro (tal como as cidades medievais europeias). Visitamos uns dois ou três desses templos – um dos meus preferidos foi o Wat Phan Tao, construído a partir de 1846 e todo feito de madeira teca.
Gosto muito do contraste dos ricos detalhes da arquitetura Lanna (típica do norte tailandês) com a simplicidade da madeira. Sobre a porta principal, observe a imagem do pavão protegendo um cãozinho – uma homenagem ao imperador da época, que nasceu no ano do cachorro, segundo o calendário astrológico asiático.
Outro que está entre os mais famosos é o Wat Chedi Luang, que começou a ser construído em 1391 e teve parte sua parte de cima abalada por um terremoto em 1545.
Esse templo abrigava o Emerald Buddha, o objeto religioso mais sagrado da Tailândia, que hoje fica no Wat Phra Kaew, em Bangkok (dentro do Grand Palace).
A estátua, apesar de ter ficado conhecida assim por sua cor verde, não é feito de esmeralda, mas de jade. O mais impressionante é que a imagem – que tem 66 cm de altura – é uma peça inteiriça, feita de uma única e enorme pedra preciosa.
Não se esqueça que, para entrar nos templos budistas, é preciso estar vestido de forma respeitosa, com ombros e joelhos cobertos (e meninas sem decote).
Se houver muitos templos em seu roteiro, usar sapatos ou sandálias fáceis de calçar é uma boa ideia pois é preciso tirá-los sempre que entrar em um local religioso.
O comportamento também deve demonstrar respeito: caso você ajoelhe ou se sente no chão, tome cuidado para não expor as solas dos pés na direção da imagem do Buda.
Aliás, mesmo que esteja apenas em uma praça ou bar, evite por os pés para cima – não é bem visto no Sudeste Asiático.
Depois da visita aos templos, escolhemos um lugar na Old City para almoçar: o restaurante Hot Chili. Apesar de estar numa área bem turística da cidade, achamos o preço bastante razoável.
Eu sou meio ruim de garfo e não gosto de pimenta, o que dificulta um pouco as coisas na Ásia. Ainda bem que não era difícil encontrar pratos a base de legumes e frango.
O arroz, onipresente, é sempre bem cozido, porém nunca saboroso. Na culinária asiática, a função do arroz é fazer um contra-ponto à carne temperada.
Aliás, fica a dica: se a comida vier apimentada, arroz ou pão são o jeito. Muita gente tem o impulso de recorrer à água ou outra bebida, mas isso só espalha a sensação de ardência pela boca.
As sobremesas regionais são interessantes de se experimentar. Muitas são feitas com frutas, e as frutas de lá são deliciosas – desde as comuns, como melancia, até as mais exóticas, como a pitaia (também conhecida como dragon fruit).
O Guilherme pediu uma banana flambada no whisky (feito de arroz) e eu quis manga com arroz doce (meio grudadinho e adocicado, com molho de leite de côco). Na verdade, o melhor “mango with sticky Rice” que eu comi foi em um restaurante lindo na rua Rambuttri, em Bangkok. Sonho com essa sobremesa até hoje.
À tarde, era hora de relaxar: queríamos ver como era um “fish spa”. Escolhemos um entre os tantos spas de Chiang Mai e colocamos nossos pés para dentro do aquário cheio de peixes pequenininhos que comem as peles mortas.
É uma sensação engraçada, como um formigamento. Mas acho que os peixinhos são eficientes mesmo, a pele fica bem macia.
Em seguida, foi a vez da massagem nos pés. Normalmente os serviços de massagem duram pelo menos 1 hora, mas tem pacote de até 2h e meia (!!!), o que é bom pra esquecer da correria típica dos turistas e entrar no ritmo local.
Depois da agitação de Bangkok, fez bem chegar a Chiang Mai e começar a entender o espírito Sudeste Asiático. A melhor coisa de uma viagem dessas é a oportunidade de se desligar do estresse da vida ocidental e se permitir experimentar um lugar tão estrangeiro.
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